A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Como?
— Conte para mim algo que eu ainda não sei sobre Jalal. Ou, melhor ainda —
Fareed completou, quase como se acabasse de pensar naquilo —, me mostre algo em seu
telefone ou seu computador.
— Meu computador está no meu quarto em Molenbeek.
Fareed sorriu tristemente e deu um tapinha no dorso da mão do prisioneiro.
— Não está mais, habibi.


Desde o início da guerra ao terror, a al-Qaeda e suas crias assassinas tinham se provado
incrivelmente capazes de se adaptar. Expulsos de seu santuário afegão original,
encontraram novos espaços para operar no Iêmen, no Iraque, na Síria, na Líbia, na
península do Sinai no Egito e em um distrito de Bruxelas chamado Molenbeek. Também
criaram novos métodos de comunicação para evitar serem detectados pela Agência de
Segurança Nacional americana e por outros serviços de espionagem ocidentais. Um dos
mais inovadores era um programa de criptografia avançada de 256 bits chamado
Mujahedeen Secrets. Uma vez instalado na Bélgica, Nabil Awad o usou para se
comunicar com Jalal Nasser. Ele simplesmente escrevia mensagens em seu laptop,
criptografava-as usando o Mujahedeen Secrets e as colocava em um pen drive que seria
levado em mãos para Londres. As mensagens originais eram picotadas e deletadas por
Nabil. Mesmo assim, Mordecai não teve muita dificuldade em encontrar seus restos
digitais no HD do laptop. Usando a difícil senha de 14 caracteres de Nabil, ele
ressuscitou os arquivos, transformando páginas de letras e números aparentemente
aleatórios em textos claros. Um dos documentos falava sobre uma potencial recruta
promissora, uma francesa de ascendência argelina chamada Safia Bourihane.
— Foi você que a levou para a rede? — perguntou Fareed, retomando o
interrogatório.
— Não — respondeu o jovem jordaniano. — Fui eu que a achei. Jalal cuidou do
recrutamento em si.
— Onde você a conheceu?
— Molenbeek.
— O que ela estava fazendo lá?
— Ela tem parentes lá; primos, acho. O namorado dela tinha acabado de ser morto
na Síria.
— Ela estava de luto?
— Estava com raiva.
— De quem?


— Dos americanos, é claro, mas principalmente dos franceses. O namorado dela
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