A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

Os homens e as mulheres no andar de Operações do Centro Nacional de
Contraterrorismo não sabiam da situação no portão de entrada da instalação. Só tinham
olhos para a tela gigante na frente da sala; nela duas mulheres — uma loira e uma
morena: indivíduos um e dois, como eram conhecidas — acabavam de entrar em um
elevador de um hotel lá perto, em Arlington. A imagem era de cima e levemente
angulada. A loira, indivíduo dois, parecia catatônica de medo, mas a morena estava
curiosamente serena. Esta última olhava diretamente para as lentes da câmera, como se
posasse para um retrato final. Gabriel a olhou de volta. Ele estava em pé, uma mão
apoiada no queixo, a cabeça inclinada levemente para o lado. Adrian Carter estava ao lado
dele, com um telefone em cada orelha. Fareed Barakat girava um cigarro apagado
nervosamente entre seus dedos com unhas feitas, os olhos pretos como ônix grudados
na tela. Só Paul Rousseau, que não gostava de sangue, não conseguia assistir. Ele olhava
para o carpete como se estivesse procurando bens perdidos.
Do lado de fora do hotel, o Impala vermelho estava parado no estacionamento
aberto, vigiado clandestinamente por agentes do Grupo de Reação a Incidentes Críticos.
A luz azul do radiofarol piscava nas telas do CNC como um marcador. Os microfones
escondidos do carro capturavam o ruído fraco do trânsito na North Fort Meyer Drive.
Dois agentes disfarçados da SWAT estavam conversando amigavelmente na entrada do
hotel. Outros dois esperavam perto do ponto de táxi. Além deles, havia agentes da
SWAT dentro do hotel, dois no lounge metálico e laminado do lobby e dois no balcão do
concierge. Cada agente carregava escondida uma pistola semiautomática Springfield
calibre .45 com um pente de oito cartuchos e mais um cartucho na câmara. Um dos
agentes no balcão do concierge, veterano da revolta do Iraque, era o atirador escolhido.
Ele planejava abordar o alvo, indivíduo número dois, por trás. Se recebesse ordens do
presidente — e se não fosse haver perda de vidas inocentes —, empregaria força letal.
Todos os oitos membros da equipe SWAT ficaram tensos quando as portas do
elevador se abriram e as duas mulheres, indivíduos um e dois, saíram. Uma nova
câmera as seguiu pelo saguão até o canto do lobby. Lá, a loira parou abruptamente e
colocou uma das mãos no braço da morena para que ela parasse. Trocaram palavras
inaudíveis dentro do CNC, e a loira olhou para o celular. Então, aconteceu algo que
ninguém estava esperando — nem as equipes do FBI nem o presidente e seus assessores
mais próximos na Sala de Comando, e certamente nem os quatro espiões que assistiam
do andar de Operações no CNC. Sem aviso, as duas deram meia-volta no lobby e
caminharam por um corredor do térreo em direção aos fundos do hotel.
— Elas estão indo para o lado errado — disse Carter.
— Não estão, não — respondeu Gabriel. — Estão indo para o lado que Saladin
mandou.
Carter ficou em silêncio.

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