Os quatro homens cobriram o rosto, deixando apenas os olhos impiedosos expostos.
Eles não fizeram tentativa alguma de alterar a aparência profundamente americana do
cenário — na verdade, pareciam se deleitar com ela. Natalie foi obrigada a se ajoelhar
diante da câmera, que era manuseada pela mulher que ela conhecia como Megan. Era
uma câmera de verdade, não um celular; o ISIS não ficava devendo a ninguém em valor
de produção. Ordenaram que Natalie olhasse diretamente para a lente, mas ela se
recusou, mesmo depois de o iemenita bater violentamente em seu rosto. Ela olhou para a
frente, na direção da janela atrás do ombro direito da mulher, e tentou pensar em alguma
coisa, qualquer coisa que não a lâmina de aço do facão na mão direita do iemenita.
Ele parou diretamente atrás dela, com outros três homens enfileirados à sua direita, e
leu uma declaração preparada, primeiro em árabe, depois em uma língua que Natalie,
depois de um momento, percebeu ser um inglês muito ruim. Não importava; a equipe
de mídia do ISIS certamente adicionaria legendas. Natalie tentou não ouvir, por isso
focou sua atenção na janela. Como estava escuro lá fora, o vidro acabava funcionando
como um espelho. Ela conseguia ver a cena de sua execução mais ou menos no
enquadramento da câmera — uma mulher impotente ajoelhada, três homens mascarados
empunhando fuzis automáticos, um iemenita com uma faca falando um idioma
desconhecido. No entanto, havia mais alguma coisa na janela, algo menos distinguível
que o reflexo de Natalie e seus quatro assassinos. Era um rosto. Instantaneamente, ela
soube que era Mikhail. Estranho, pensou. De todos os rostos que poderia conjurar de
memória nos segundos antes de sua morte, não esperava ver o dele.
O volume da voz do iemenita aumentou com um floreio de oratória conforme ele
concluía seu pronunciamento. Natalie olhou pela última vez seu reflexo na janela, e o
rosto do homem que ela poderia ter amado. Vocês estão assistindo?, pensou. O que
estão esperando?
Ela teve consciência de um silêncio. Durou um ou dois segundos, durou uma hora ou
mais — ela não conseguia dizer. Então, o iemenita voou nela como um animal selvagem,
e ela tombou para o lado. Quando a mão dele agarrou sua garganta, ela se preparou para
a dor do primeiro contato com a faca.“Relaxe”, disse a si mesma. Doeria menos se os
músculos e tendões não estivessem tensionados. Mas, então, houve um estrépito, que ela
pensou ser do seu próprio pescoço cortado, e o iemenita caiu ao lado dela. Os três
outros jihadistas caíram em seguida, um por um, como alvos em uma barraca de tiro ao
alvo. A mulher foi a última a morrer. Com um tiro na cabeça, ela caiu como se um
alçapão tivesse sido aberto sob seus pés. A câmera deslizou de sua mão e caiu no chão.
As lentes, benevolentes, desviaram o olhar do rosto de Natalie. Ela era linda, pensou
Gabriel, enquanto cortava a corda dos pulsos dela. Mesmo quando estava gritando.