— Só que não é mais tão jovem — replicou Shamron. — E nem o seu, filho. E eu temo
pelo que pode acontecer caso ele se parta de novo.
— Eu mereço.
— Por que você diz isso?
— Eu devia ter percebido a aproximação de Darwish.
— Vocês dois estavam distraídos, o que é compreensível. Não é todo dia que alguém
tem a chance de caminhar pelo heikhal do Primeiro Templo.
— Você acha que os pilares são mesmo do Primeiro Templo?
— Nós sabemos que são. Só estamos esperando a hora certa para mostrá-los ao mundo.
— Por que esperar?
— Porque não queremos piorar a situação.
— Como?
— Existem noventa milhões de egípcios. Imagine o que aconteceria se a Irmandade
Muçulmana convencesse dez por cento deles a marcharem até nossas fronteiras. Se aquela
bomba tivesse explodido... É assustador pensar como a catástrofe esteve tão perto... Ou como
é débil nossa existência nesta terra.
— Por quanto tempo pretendemos permanecer no Monte do Templo?
— Se dependesse de mim, nós nunca sairíamos. Mas o primeiro-ministro pretende
devolvê-lo ao Waqf assim que o material arqueológico tiver sido removido com segurança.
— Vamos voltar ao status quo?
— Até o mundo islâmico estar preparado para aceitar nosso direito de existir, receio
que o status quo seja o melhor que podemos almejar.
— Eu gostaria de fazer apenas uma mudança, se você não tiver objeções.
— Qual?
— Massoud.
Shamron sorriu.
— Da próxima vez que algo explodir embaixo do carro dele, não vai ser uma bomba
pequena.
Gabriel tomou a mão de Lavon.
— Se ele morrer, Ari, eu nunca vou me perdoar.
— Não foi culpa sua.
— Eu devia tê-lo obrigado a ir embora.
— Seria impossível fazer Eli sair daquela montanha sem saber que os pilares estavam
a salvo.
— São só pedras, Ari.
— São as pedras de Eli — retrucou Shamron. — E agora estão encharcadas com o
sangue dele.
48
Jerusalém