Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

telefone e olhou para Shamron, que ainda estava de pé em frente ao mapa,
como se imaginasse o progresso de Radek para norte em direção à
fronteira checa.
— Era da nossa filial de Viena. Estão a monitorizar a rede de
comunicações austríaca. Parece que Manfred Kruz elevou o alerta
terrorista para Nível Dois.
— Nível Dois? O que significa isso?
— Significa que é possível que haja alguma dificuldade na fronteira.


A ASSISTÊNCIA ESTAVA na reentrância de um ribeiro gelado. Havia
dois veículos, um Opel sedã e uma van Volkswagen. Chiara estava ao
volante da Volkswagen, faróis apagados, motor desligado, o peso
reconfortante de uma Beretta no colo. Não havia outros sinais de vida, não
havia luzes na vila, não havia o ruído do tráfego na autoestrada, apenas o
suave bater da neve no teto da van e o assobiar do vento pelos juncos dos
abetos. Olhou por cima do ombro e olhou para o compartimento traseiro da
Volkswagen. Tinha sido preparado para a chegada de Radek. O forro da
traseira tinha sido colocado. Por baixo do forro estava um compartimento
especialmente construído para escondê-lo durante a passagem pela
fronteira. Ele ficaria confortável lá, mais confortável do que merecia.
Olhou pelo vidro. Não havia muito para ver, a estrada estreita
subindo pela escuridão em direção a um cume à distância. Então,
subitamente, houve uma luz, um brilho branco e limpo que iluminou o
horizonte e transformou as árvores em minaretes pretos. Por alguns
segundos, foi possível ver a neve, rodopiando como uma nuvem de insetos
pelo ar varrido pelo vento. Então os faróis da frente surgiram. O carro
contornou a colina, e as luzes espalharam-se por ela, atirando as sombras
das árvores para um lado, depois para o outro. Chiara segurou a Beretta
com a mão e deslizou o dedo indicador para dentro da guarda do gatilho.
O carro derrapou até parar junto à van. Ela olhou para o banco de
trás e viu o assassino, sentado entre Navot e Zalman, rígido como um
comissário à espera da limpeza de sangue. Ela rastejou até o
compartimento traseiro e fez uma verificação final.


—   TIRE    O   SOBRETUDO   —   ordenou Navot.
— Por quê?
— Porque estou mandando.
— Eu tenho o direito de saber por quê.
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