Radek acenou.
— Estrada para o Paraíso.
— E onde ia dar a Estrada para o Paraiso?
Radek levantou o foco da sua luz.
— Para o campo de cima — disse. — O campo da morte.
PROSSEGUIRAM O CAMINHO até uma larga clareira polvilhada com
centenas de pedregulhos, cada pedra representava uma comunidade
judaica destruída em Treblinka. A pedra maior ostentava o nome Varsóvia.
Gabriel olhou para lá das pedras, em direção ao céu, para leste. Começava a
ganhar claridade.
— A Estrada para o Paraiso levava diretamente a um edifício de
tijolo que albergava as câmaras de gás — disse Radek quebrando o silêncio.
De repente parecia ansioso por falar. — Cada câmara tinha quatro metros
por quatro metros. Inicialmente eram apenas três, mas em breve
descobriram que precisavam de mais capacidade para satisfazer a procura.
Foram acrescentadas mais dez. Um motor a gasóleo bombeava gases de
monóxido de carbono para as câmaras. A asfixia demorava menos de trinta
minutos. Depois disso os corpos eram retirados.
— E o que era feito com eles?
— Durante vários meses, foram enterrados ali fora, em grandes
valas. Mas muito rapidamente as valas transbordaram e a decomposição
dos corpos contaminou o campo.
— Foi quando chegou?
— Não de imediato. Treblinka era o quarto campo da nossa lista.
Limpamos as valas de Birkenau primeiro, a seguir Belzec e Sobibor. Só
chegamos a Treblinka em março de 1943. Quando eu cheguei... — a sua voz
arrastou-se. — Terrível.
— O que fez?
— Abrimos as valas, claro, e retiramos os corpos.
— À mão?
Ele abanou a cabeça.
— Tínhamos uma escavadora mecânica. Acelerou bem o trabalho.
— A garra, não era assim que chamavam?
— Sim, era isso.
— E depois dos corpos serem retirados?
— Eram incinerados em grandes prateleiras de metal.
— Tinham um nome especial para as prateleiras, não tinham?
— Assadeiras — disse Radek. — Chamávamos de assadeiras.