Público • Quinta-feira, 19 de Setembro de 2019 • 17
SOCIEDADE
Universidades
Samuel Silva
Quase 5000 alunos que
foram colocados no início
deste mês não
concretizaram a inscrição
[email protected]
Ainda há vagas disponíveis em todas
as instituições de ensino superior
para a 2.ª fase do concurso nacional
de acesso deste ano, que termina
amanhã. Quase 5000 alunos que
foram colocados no início deste mês
não concretizaram a sua inscrição.
Esses lugares voltam a estar a con-
curso. Ao todo, podem entrar ainda
mais 11.600 alunos nas universida-
des e politécnicos.
O número de vagas sobrantes na 1.ª
fase do concurso de acesso, cujos
resultados foram conhecidos no iní-
cio deste mês, foi o mais baixo da
última década. Ficaram vazios 6734
dos cerca de 51 mil lugares inicialmen-
te disponíveis. Garantiram lugar num
curso superior 44.500 estudantes —
mais 1,2% do que no ano passado.
Mas nem todos terão Æcado satis-
feitos com o resultado do concurso.
É que quase 5000 estudantes que
tinham sido colocados na 1.ª fase aca-
baram por não concretizar a sua ins-
crição nos cursos. Este é um fenóme-
no habitual, explica o presidente da
Comissão Nacional de Acesso ao Ensi-
no Superior, João Guerreiro. “São
alunos que não gostaram do sítio
onde foram colocados ou então que
veriÆcaram que ainda havia vagas
num curso em que não esperariam,
à partida, entrar”, e decidem voltar a
tentar a sua sorte na 2.ª fase.
Há 11.600 vagas
disponíveis em todas
as instituições de
ensino superior
Assim sendo, há ainda 11.614 vagas
para a 2.ª fase do concurso nacional
de acesso, segundo o edital publica-
do ontem pela Direcção-Geral do
Ensino Superior. No Ænal da 1.ª fase,
a Universidade Nova de Lisboa, o
ISCTE — Instituto Universitário de
Lisboa e as três escolas superiores de
Enfermagem (no Porto, em Coimbra
e em Lisboa) tinham ocupado todas
as vagas disponíveis. Mas têm agora
lugares vazios: 204 na Universidade
Nova, 126 no ISCTE e 84 no somató-
rio das três escolas superiores de
Enfermagem. Há lugares disponíveis
em todas as instituições públicas do
ensino superior.
Das mais de 11.600 vagas ainda
abertas, acima de dois terços estão
em instituições do ensino politécnico.
Nas universidades, há ainda 3600
lugares para novos alunos.
A 2.ª fase do concurso nacional
de acesso ao ensino superior pro-
longa-se até ao Ænal do dia de ama-
nhã. Até à meia-noite de ontem,
14.502 estudantes tinham-se candi-
datado à 2.ª fase do concurso nacio-
nal de acesso. São mais 782 (5,7%)
do que em igual período do ano pas-
sado. Este crescimento da procura
está em linha com o que aconteceu
na 1.ª fase — os 51.291 estudantes
representaram um aumento de 3,4%
face ao ano anterior.
Os resultados das colocações da 2.ª
fase são conhecidos dentro de uma
semana, no dia 26 de Setembro (quin-
ta-feira). Há ainda uma 3.ª fase de
ingresso nas universidades e politéc-
nicos, que decorre na primeira sema-
na de Outubro e cujo desfecho é
conhecido em meados desse mês.
A 2.ª fase do concurso prolonga-se até ao final do dia de amanhã
Serviço Nacional de
Saúde avaliou actividade
física de 120 mil pessoas
Médicos de família
entregaram mais 20 mil
guias de aconselhamento,
para motivar para a prática
de mais exercício
Saúde
Ana Maia
[email protected]
Entre o Ænal de 2017 e Junho deste
ano, os médicos de família avaliaram
o nível de actividade física e sedenta-
rismo de cerca de 120 mil utentes do
Serviço Nacional de Saúde (SNS) e
emitiram mais de 20 mil guias de
aconselhamento breve para aumen-
tar a motivação e ajudar as pessoas a
serem mais activas. Esta é uma das
iniciativas que o Programa Nacional
para a Promoção da Actividade Física
(PNPAF), da Direcção-Geral da Saúde,
desenvolveu no último ano para res-
ponder às recomendações da Orga-
nização Mundial de Saúde (OMS): os
adultos devem realizar 150 minutos
por semana de actividade física.
“O número de utentes avaliados
tem sempre vindo a crescer exponen-
cialmente. Quase sextuplicou entre
2018 e 2019”, diz ao PÚBLICO Marle-
ne Silva, directora do PNPAF, que
hoje apresenta o relatório anual do
programa. Até Maio do ano passado
tinham sido avaliados 19.886 utentes,
número que cresceu para 119.386 até
ao Ænal de Junho deste ano.
“O nível de actividade física é um
indicador muito importante. Este sis-
tema de avaliação tem uma dupla
vantagem: por um lado, permite o
envolvimento do utente — abre a por-
ta ao aconselhamento e maior cons-
ciencialização da importância da
actividade física — e, por outro, permi-
te o registo e a vigilância. Quer a nível
epidemiológico — vamos poder seguir
os utentes por décadas —, quer para o
médico perceber se o aconselhamen-
to teve ou não resultados”, aponta.
O relatório a que o PÚBLICO teve
acesso recorda os dados do primeiro
Barómetro Nacional da Actividade
Física, realizado em 2017, que mos-
travam que só 2% dos inquiridos
conheciam a recomendação da OMS.
Com a avaliação, cria-se a possibilida-
de de o médico falar sobre os benefí-
cios do exercício e dar guias de acon-
selhamento breve. “Servem para
trabalhar a motivação do utente. É ele
que deÆne qual é o seu objectivo, com
quem vai fazer a actividade, em que
dias, se conseguir alcançar objectivo
o que é que gostava que acontecesse.
Existem cinco guias para as diferentes
necessidades do utente”, que pode
receber um ou mais destes documen-
tos, explica Marlene Silva. Entre Maio
de 2018 e Junho de 2019 o número de
guias emitidos quase triplicou: passou
de 7344 para 20.494. O número de
utentes que os receberam também
cresceu, mas não na mesma propor-
ção (3643 até Maio de 2018 e 7957
utentes até Junho deste ano).
“A actividade física é um importan-
te determinante ao nível da preven-
ção de doenças crónicas e de promo-
ção da saúde”, salienta a directora do
programa. O relatório socorre-se de
um estudo internacional de 2016,
publicado na revista The Lancet , para
dizer que “em Portugal, a prática
regular de actividade física permitiria
ADRIANO MIRANDA
reduzir signiÆcativamente a prevalên-
cia das principais doenças crónicas
— por exemplo, cerca de 14,2% dos
casos de cancro da mama, 15,1% dos
casos de cancro colorrectal, 10,5%
dos casos de diabetes tipo 2 e 8,4%
dos casos de doença coronária”.
Já este ano, arrancou um projecto-
piloto, com 12 centros de saúde e um
hospital, de prescrição de exercício a
doentes crónicos (diabetes tipo 2 e
depressão e doentes com cancro da
mama). A iniciativa será alvo de uma
avaliação para perceber se é eÆcaz em
relação aos custos. Se for, o objectivo
é ser alargada a todo o SNS.
“Siga o assobio”
O Eurobarómetro da Actividade Físi-
ca (2017) mostrou que apenas um
terço dos portugueses adultos era
suÆcientemente activo para ter
ganhos importantes na saúde. Para
alterar este panorama, o PNPAF rea-
lizou a campanha Siga o Assobio , diri-
gida a pessoas entre os 35 e os 65
anos, e que será posteriormente ava-
liada através de um relatório e de um
inquérito nacional. Para já, através de
uma amostra — dois inquéritos, um
feito antes da campanha e outro
depois, com 927 e 1730 adultos, res-
pectivamente — foi possível ter resul-
tados preliminares do seu impacto. O
número de pessoas que reportaram
ter um nível de actividade física baixo
diminuiu (17,3% pós-campanha con-
tra 24,3% pré-campanha) e os que
disseram ter um nível de actividade
moderado a elevado aumentou
(82,6%% contra 75,6%).
É o utente que
deÄne qual o seu
objectivo, com
quem vai fazer a
actividade, em que
dias e que
objectivos
pretende alcançar
Marlene Silva
Directora do programa
A prática de exercício permite reduzir a prevalência de doenças
ADRIANO MIRANDA