Público - 09.09.2019

(Ron) #1
Público • Segunda-feira, 9 de Setembro de 2019 • 31

Reino Unido


Miguel Dantas


Confirmação foi dada após


a saída da ministra Amber


Rudd. Rainha poderá


promulgar hoje lei que trava


saída da UE sem acordo


[email protected]

O primeiro-ministro britânico, Boris
Johnson, não irá pedir um segundo
adiamento do “Brexit” na próxima
cimeira de líderes europeus que acon-
tecerá em Outubro. O encontro terá
lugar dias antes do prazo para a saída
deÆnitiva do Reino Unido da União
Europeia, agendado para o dia 31 do
próximo mês.
A decisão foi confirmada por dois
ministros de Johnson na sequência da
demissão da ministra do Trabalho e
das Pensões, Amber Rudd, na noite
de sábado, em protesto contra a
expulsão de 21 militantes do Partido
Conservador que votaram favoravel-
mente a proposta de lei para impedir
um “Brexit” sem acordo, à revelia das
ordens do primeiro-ministro.
Boris Johnson já tinha deixado a
garantia, na quinta-feira, de que não
iria a Bruxelas pedir um prolonga-
mento do prazo até 31 Janeiro de
2020 — “preferia estar morto numa
valeta”. O hard “Brexit” era um dos
objectivos defendidos pelo líder con-
servador, mas a semana semeada de
derrotas em Westminster pode obri-
gá-lo a colocar um travão nessas aspi-
rações. Na terça-feira, o Governo
britânico deixou de usufruir da cur-
ta maioria que detinha no Parlamen-


Nem outra demissão


no Governo demove


Boris Johnson de conseguir


o “Brexit” sem acordo


to, ao perder o deputado conserva-
dor Phillip Lee para os Liberais
Democratas.
Com esta transição, Boris Johnson
perdeu o poder para aprovar moções
ou propostas de lei: a oposição conta
agora com 320 deputados, enquanto
o Governo — que engloba o Partido
Conservador e dez deputados unio-
nistas da Irlanda do Norte — tem 319
votos. Nesse mesmo dia, a Câmara
dos Comuns aprovou, por 328 votos
contra 301, uma moção para assumir
a iniciativa legislativa sobre o proces-
so do “Brexit”. Johnson tinha amea-
çado os deputados conservadores
que aprovassem a moção de perde-
rem a capacidade de votar no Parla-
mento e de serem automaticamente
afastados das listas do partido nas
próximas eleições: 21 deles não se
sentiram intimidados e votaram ao
lado da oposição.
A proposta de lei que trava um
“Brexit” sem acordo foi aprovada na
quarta-feira. O último passo é a pro-
mulgação pela rainha, que pode
acontecer hoje. Se Isabel II o Æzer,
como se espera, o primeiro-ministro
será obrigado, por lei, a pedir um
novo adiamento do prazo de saída a
Bruxelas, de 31 de Outubro para 31 de
Janeiro de 2020.
Esta foi a alternativa encontrada
pela oposição à decisão tomada por
Boris Johnson de suspender o Parla-
mento até ao dia 14 de Outubro. O
objectivo do primeiro-ministro seria
tirar tempo aos deputados, para faci-
litar a saída do Reino Unido da UE
sem acordo.

Boris Johnson de visita a uma quinta em Danford, na Escócia


Duas pessoas morreram em conse-
quência de agressões durante a cam-
panha para as eleições de 15 de Outu-
bro em Moçambique. De acordo com
o Centro de Integridade Pública (CIP),
organização não governamental que
acompanha processos eleitorais no
país desde 1992, as duas mortes acon-
teceram na província de Sofala, no
centro do país.
Na noite de 1 de Setembro, a secre-
tária da Frelimo na localidade de
Mutua foi agredida até à morte por
alegados membros da Renamo. A
outra morte aconteceu no mesmo
distrito de Dondo, mas no posto
administrativo de Mafambisse, onde
um membro da Renamo, principal
partido da oposição, foi agredido por
desconhecidos em casa, acabando
por sucumbir aos ferimentos.
O boletim do CIP, publicado este
domingo, traz o balanço da campa-
nha eleitoral de 31 de Agosto a 6 de
Setembro e dá conta da morte de
mais dez pessoas relacionadas com a
campanha eleitoral, todos elas devido
a acidentes de viação. Entre estas
mortes, está a de um jovem atropela-
do em Pemba, capital da província de
Cabo Delgado. Fazia parte de um gru-
po de seis pessoas que estava a colar

Dois mortos por


razões políticas na


campanha eleitoral


cartazes da Frelimo, o partido no
poder, quando foram atropelados.
O balanço da CIP também dá conta
de 29 feridos, 18 deles em estado gra-
ve, e 33 pessoas detidas, a maioria
delas (28) em Nampula, acusadas de
vandalizar propaganda eleitoral ou
de participar em actos de violência.
Um dos mortos, aÆrma a Sala da
Paz, que congrega várias organiza-
ções da sociedade civil moçambicana,
era uma criança que foi atropelada
no distrito de Moma, na província de
Nampula. Exemplo utilizado pela Sala
da Paz para acusar os principais par-
tidos de estarem a utilizar crianças na
sua campanha eleitoral, uma situação
que viola a lei de Moçambique.
“É difícil controlar, uma vez que
elas seguem as caravanas, mas tam-
bém temos visto crianças nos carros,
nas viaturas, fazendo parte das cara-
vanas dos partidos”, referiu o repre-
sentante da Sala da Paz, David Alfaze-
ma, citado pela Deutsche Welle.
Zacarias Nacute, porta-voz da polí-
cia de Nampula, disse ao serviço
público alemão de notícias que os
agentes têm encontrado “menores a
fazerem parte das caravanas”, isto
apesar da sensibilização que foi feita
junto das várias formações políticas
de que essa prática é ilegal.
Caifadine Manasse, porta-voz da
Frelimo, garante que “as crianças vão
de livre vontade”, porque há música
e festa, e que “não há nenhum parti-
do político que precise de ter crian-
ças”, até porque “a campanha eleito-
ral é para pedir votos àqueles que
votam e as crianças não votam”.

[email protected]

Moçambique
António Rodrigues

O Centro de Integridade
Pública contabiliza 12
mortos desde o início da
campanha, dez deles em
acidentes de viação

Acidentes de viação são a maior causa de morte na campanha

MANUEL ROBERTO

Breves


Estados Unidos

Afeganistão

Elizabeth Warren mais


perto de Joe Biden


e Bernie Sanders


EUA cancelam


conversações de paz


com taliban


Elizabeth Warren subiu nas
intenções de voto na corrida à
nomeação dos democratas
para a corrida à Casa Branca e
já está quase colada a Bernie
Sanders, de acordo com a
sondagem do Washington
Post-ABC divulgada ontem. O
favorito continua a ser Joe
Biden, que se mantém na
liderança com 29%. Sanders
surge em segundo lugar com
19%, mas a senadora do
Massachussetts tem agora
18%, subindo de 12% em Julho.
Biden perdeu 1% em relação à
sondagem anterior e Sanders
ficou na mesma. Dos mais de
20 candidatos democratas,
estes são os únicos que
surgem com percentagens de
apoio com dois dígitos. Kamila
Harris desceu de 13% para 7%.

O fim das conversações de paz
que os Estados Unidos vinham
mantendo com os taliban
poderá levar à morte de mais
soldados norte-americanos,
avisou ontem um porta-voz do
grupo afegão. A decisão do
Presidente Donald Trump
apanhou todos de surpresa,
depois das negociações
parecerem bem
encaminhadas para chegar a
um acordo que ponha fim ao
conflito que dura há quase 18
anos. “Isto conduzirá a mais
perdas para os EUA”, afirmou
Zabihullah Mujahid, em
comunicado. “A sua
credibilidade fica afectada, a
sua posição contra a paz será
exposta ao mundo,
aumentarão as perdas em
vidas humanas e
propriedades”, acrescentou o
porta-voz.

MUNDO


ANDREW MILLIGAN/REUTERS
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