4 • Público • Segunda-feira, 9 de Setembro de 2019
DESTAQUE
REGRESSO ÀS AULAS
Funcionários prometidos chegam
às escolas no arranque do ano
Quase todos os 1067 assistentes operacionais, anunciados pelo Governo, vão estar ao serviço este mês.
Mas o reforço pode não ser suÄciente, avisam os directores. Ano lectivo arranca amanhã
A
maioria dos 1067 funcioná-
rios prometidos pelo Minis-
tério da Educação (ME) vai
chegar às escolas no arran-
que do novo ano lectivo.
Apesar de haver atrasos no
lançamento dos concursos em cerca
de 50 agrupamentos, há mais de mil
assistentes operacionais com coloca-
ção garantida durante o primeiro mês
de aulas, conÆrmam a tutela e os
directores escolares.
O Governo abriu o processo
de contratação dos funcionários em
Março, mas cada um dos agrupa-
mentos tinha de lançar os respecti-
vos concursos para cada um dos
lugares atribuídos. No último balan-
ço de que dispõe o ME, feito há três
semanas, cerca de 60 escolas ainda
não tinham iniciado o procedimento.
Com o arranque do mês em que
começa o ano lectivo, o total terá
baixado para cerca de 50.
O presidente da Associação Nacio-
nal de Directores de Agrupamentos
e Escolas Públicas (ANDAEP), Filin-
to Lima, acredita, porém, que o
valor real seja bem mais baixo. A
tutela contabiliza os estabelecimen-
tos de ensino que ainda não publi-
caram em Diário da República o
aviso de abertura das contratações,
que é obrigatório por lei. “Os con-
cursos estão todos, pelo menos,
lançados”, garante o dirigente.
Mesmo com os atrasos existentes,
há garantias de que cerca de 1000
funcionários vão ser colocados nas
escolas durante o primeiro mês do
novo ano lectivo — que começa ama-
nhã. Alguns destes já estão mesmo
ao serviço e outros chegarão até ao
Ænal da semana, assegura Filinto
Lima.
Manuel Pereira, da Associação
Nacional de Directores Escolares
(ANDE), conÆrma que não estão pre-
vistos atrasos na generalidade das
contratações de assistentes opera-
cionais. Aquele director tem, porém,
dúvidas de que as 1067 colocações
resolvam o problema de falta de fun-
cionários nas escolas. “Não sabemos
se serão, efectivamente, novos tra-
balhadores, ou apenas regularização
de situações laborais.”
Os assistentes operacionais agora
contratados entram nos quadros da
função pública. As escolas têm deze-
nas de trabalhadores com vínculos
precários, que podiam concorrer a
este concurso e que, se forem colo-
cados, vão largar os seus anteriores
postos de trabalho.
ADRIANO MIRANDA
Directores das escolas garantem que os concursos para funcionários estão todos lançados
Mas para além da questão dos fun-
cionários, há outras a marcar o
arranque deste ano escolar.
Trégua sindical (para já)
O ano lectivo arranca sem protestos.
A luta pela reposição integral do
tempo de serviço dos docentes está
longe de estar enterrada. Mas as
baterias dos sindicatos estão já apon-
tadas ao Governo que saia das elei-
ções legislativas de 6 de Outubro.
Para a véspera do escrutínio, em que
se celebra o Dia Mundial do Profes-
sor, está marcada uma manifestação
nacional de docentes. Nas escolas,
teme-se que a luta volte a aquecer
perto do Ænal do ano. “Vamos ter
um arranque de aulas sem sobres- [email protected]
Samuel Silva
saltos, mas haverá nuvens negras a
pairar no horizonte”, ilustra Filinto
Lima, lembrando, por exemplo, a
greve às avaliações de 2018.
Colocações a tempo
Uma das questões que tem, frequen-
temente, levantado problemas no
arranque dos anos lectivos é a colo-
cação de professores, que este ano foi
resolvida pelo ME em tempo recorde.
Cerca de 24 mil Æcaram a saber a 16
de Agosto em que escolas vão dar
aulas, duas semanas antes do que tem
sido habitual. Destes, 8600 são con-
tratados. A antecipação da divulgação
das colocações dá-lhes mais tempo
para organizaram a sua vida, como
sublinhava na altura a Associação
Nacional de Professores Contratados
(ANPC). “Com este prazo, permite-se
maior organização nas escolas”, valo-
riza o presidente da Confederação
Nacional de Associações de Pais, Jor-
ge Ascenção.
Manuais para todos
Uma das preocupações dos encarre-
gados de educação neste início de
ano lectivo tem sido com o estado de
conservação dos manuais usados que
estão a ser entregues aos alunos (ago-
ra são gratuitos em todo o ensino
obrigatório). “Não podemos dar às
crianças manuais que não estão em
condições e que por isso vão diÆcultar
as aprendizagens”, adverte Ascenção.
Esses casos são “pontuais” e estão a
ser “resolvidos pelas escolas”, garan-
te, por seu lado, Filinto Lima, da
ANDAEP.
Este é o primeiro ano da aplicação
da gratuitidade ao 3.º ciclo e ensino
secundário. A medida passa assim a
chegar a toda a escolaridade obriga-
tória. No total, são abrangidos mais
de um milhão de estudantes.
Não podemos dar às
crianças manuais
que não estão em
condições e que, por
isso, vão dificultar
as aprendizagens
Jorge Ascenção
Presidente da Confap