Público • Segunda-feira, 9 de Setembro de 2019 • 7
DANIEL ROCHA
As crianças
devem ser
preparadas para
reagir com
resiliência e
atitude positiva
para ultrapassar
obstáculos, sem
facilitismo
haverá momentos de frustração para
os quais as crianças deverão estar pre-
paradas para reagir com resiliência e
a atitude positiva de desejar ultrapas-
sar esse obstáculo, sem facilitismo.
Susana Rodrigues também não vê
com bons olhos o facilitismo: “Os tra-
balhos de casa, quando os há, são
para os alunos; não para os pais”. A
professora lembra que um trabalho
de casa não tem de chegar certo, mas
reÇectir se o aluno compreendeu o
tema ou se há necessidade de voltar
atrás. E, quando trazem trabalhos de
casa, a mesma considera importante
que haja um espaço próprio — calmo
e com poucas distracções — e, igual-
mente, um horário. Quando não os
há, a docente defende que em casa
seja feito um trabalho complementar
que pode ir desde fazer um bolo (em
que irão trabalhar as medidas e ideias
matemáticas), elaborar a lista das
compras (escrita) e “sair, sair muito”:
“Dar um passeio e ler os nomes das
ruas, ir às compras, ir a um museu” é
tão ou mais importante que estar sen-
tado a fazer uma Æcha”. “Além de
tudo isto, ler todos os dias: uma linha,
com ou sem ajuda, intercalado com
um adulto, mas todos os dias.”
Transportes gratuitos para crianças andam
a duas velocidades em Lisboa e no Porto
A
entrada em vigor dos passes
metropolitanos em Abril
veio acompanhada do
anúncio de outras medidas
para atrair mais gente para
o transporte público. Do
passe família — já disponível em Lis-
boa e ainda em estudo no Porto —,
ao passe destinado a crianças até aos
13 anos para viajarem gratuitamente
nos transportes. Na capital, o Nave-
gante 12 — assim se chama — está em
vigor desde Abril e permite que as
crianças viajem, de forma gratuita,
pelos 18 municípios da Área Metro-
politana de Lisboa (AML). No Grande
Porto, a medida está a demorar a
arrancar.
Segundo dados provisórios envia-
dos pela AML ao PÚBLICO, foram
requeridos mais de 82 mil passes
entre Abril e Agosto (dados actualiza-
dos a 25 de Agosto). A AML refere
ainda que existem outros títulos
municipais gratuitos na Grande Lis-
boa para crianças, sobre os quais não
tem dados disponíveis.
Em Lisboa, existia desde 2017 um
passe que permitia às crianças entre
os quatro e os 12 anos viajarem gra-
tuitamente na Carris e no Metro. Se
o seu Ælho já utilizava este passe, não
é preciso fazer qualquer operação,
explica a AML. No entanto, para que
tenha acesso a viajar em todos os
serviços de transporte público da
Grande Lisboa, é preciso deslocar-se
a um Gabinete de Apoio ao Cliente
e solicitar o carregamento do Nave-
gante 12.
A norte, a implementação do
Sub13 não está a ser simples. Estava
previsto que os passes gratuitos
para crianças até aos 12 anos arran-
cassem em Setembro, com o início
tem, por isso, dados sobre a quanti-
dade de passes pedidos.
Mas não são apenas estas as dife-
renças em relação ao que se passa na
Grande Lisboa. A Norte, o passe não
é metropolitano, ou seja, não é possí-
vel circular pelos 17 municípios da
AMP. É apenas municipal ou então
permite viajar até um concelho vizi-
nho que esteja a uma distância máxi-
ma de três zonas. Tal acontece por-
que, explica a AMP, a implementação
do passe Sub13 “está condicionada
pela necessidade de manter este títu-
lo equiparado ao passe atribuído
pelos municípios aos alunos que
beneÆciam do transporte escolar gra-
tuito”. Caso contrário, estes alunos
seriam prejudicados, porque como já
beneÆciam de transporte gratuito,
não podem requerer o Sub13.
Dentro da AMP, há municípios que
decidiram alargar a gratuitidade dos
passes a outras faixas etárias. A
Câmara do Porto, por exemplo, criou
Cristiana Faria Moreira
VITOR CID
Os novos passes metropolitanos procuram incentivar o uso dos transportes colectivos
o título Porto.13-15, que permite a
quem tenha entre 13 e 15 anos viajar
gratuitamente nos transportes do
sistema intermodal Andante. Já
Matosinhos vai garantir, a partir des-
te ano lectivo, transporte gratuito na
ViaMove — operadora de transportes
públicos do concelho —, a cerca de
nove mil alunos, matriculados nas
suas escolas, com idade igual ou
superior a 13 anos.
Mantêm-se os descontos que já exis-
tiam — cartão 4_18 e Sub_23 —, que são
aplicados sobre os passes existentes
em todo o país. No caso do Cartão
4_18, os estudantes do ensino obriga-
tório até aos 18 anos têm um desconto
de 25% no preço do passe. Sobe para
60% para os estudantes que beneÆ#
ciem do Escalão A da Acção Social
Escolar. O mesmo acontece com o
passe Sub_23, destinado aos estudan-
tes do Ensino Superior.
Nem tudo está a correr
como previsto no passe
gratuito para as crianças,
nas duas áreas
metropolitanas
[email protected]
de mais um ano lectivo, mas há atra-
sos na sua emissão e, numa primeira
fase, estão apenas disponíveis atra-
vés das escolas e não nos pontos de
venda Andante. Isto porque, explica
a Área Metropolitana do Porto
(AMP), a emissão destes passes nos
pontos de venda “resultaria no con-
gestionamento do atendimento”.
Daí a opção de envolver as escolas
nesta primeira fase.
Sub13 só municipal na AMP
No entanto, nem todas as escolas
poderão estar preparadas para o
fazer. Nestes casos, nota a AMP, o
pedido dos Sub13 será nos pontos de
venda Andante, mas só a partir de 15
de Outubro e é preciso “apresentar
uma declaração da escola a atestar
que não beneÆciam de transporte
escolar gratuito”. Só a partir desta
data é que a totalidade das crianças
entre os quatro e os 12 anos poderá
beneÆciar deste passe. A AMP não
82
mil passes foram pedidos na
Área Metropolitana de Lisboa
para crianças até aos 13 anos