6 de março de 2019 | 77
produzirem mesmo que uma moderada
inflação anual acima de 2%, os temores de
pelo menos mais duas elevações de taxas
de juro neste ano retornariam, possivel-
mente provocando choques nos mercados
e levando a um aperto nas condições fi-
nanceiras. Isso, por sua vez, reavivaria as
preocupações sobre o crescimento da eco-
nomia dos Estados Unidos.
Em segundo lugar, à medida que a de-
saceleração na China continua, a com-
binação atual de modestos estímulos
monetários, creditícios e de incentivos
fiscais pode se mostrar inadequada de-
vido à falta de confiança do setor priva-
do e aos altos níveis de capacidade ocio-
sa e de empréstimos assumidos pelas
empresas. Se as preocupações com a
desaceleração da China ressurgirem, os
mercados poderão ser seriamente afeta-
dos. Por outro lado, uma estabilização
do crescimento renovaria adequada-
mente a confiança do mercado.
Um terceiro fator, relacionado a esses,
é o comportamento do comércio. Embo-
ra uma escalada do conflito sino-ameri-
cano possa prejudicar o crescimento
global, a continuação da atual trégua por
meio de um acordo sobre o comércio
tranquilizaria os mercados, mesmo que
a rivalidade geopolítica e tecnológica
dos dois países continue crescendo ao
longo do tempo.
Em quarto lugar, a zona do euro está
em plena desaceleração econômica. Ain-
da não é possível saber se a União Euro-
peia está caminhando para um cresci-
mento potencial mais baixo ou se esta-
mos diante de algo pior. O cenário só
será determinado por uma conjunção de
variáveis nacionais — tais como os acon-
tecimentos políticos na França, na Itália
e na Alemanha — com fatores mais am-
plos, tanto regionais quanto globais.
Obviamente, um Brexit “difícil” afeta-
ria negativamente a confiança dos negó-
cios e dos investidores no Reino Unido e
na União Europeia. A hipótese de o pre-
sidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, ampliar sua guerra comercial
para o setor automotivo europeu reduzi-
ria gravemente o crescimento em toda a
União Europeia, e não apenas na Alema-
nha. Por fim, muito dependerá de como
os partidos eurocéticos se comportarão
Xangai,
na China:
preocupação
com o excesso
de estímulos