Psique - Edição 156 (2019-02)

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IMAGENS: 123RF E SHUTTERSTOCK E ACERVO PESSOAL

Júlio Furtado é professor, palestrante e coach. É graduado em Psicopedagogia,
especialista em Gestalt-terapia e dinâmica de grupo. É mestre e doutor em
Educação. É facilitador de grupos de desenvolvimento humano e autor de
diversos livros. http://www.juliofurtado.com.br

insistentemente: “Para que me serve fugir?
O que eu ganho com essa fuga?” A res-
posta pode ser difícil, mas é recomendável
QUEANOTEEREmITASOBREAPRIMEIRARESPOS-
ta que lhe vier à cabeça. Anote também a
SEGUNDAEATERCEIRAEREmITACOMCORAGEM
sobre as três. Em geral, o ganho secundá-
rio está entre elas. Um ganho subjacente
muito comum desse comportamento de
fuga é evitar entregar-se por inteiro com
medo de se machucar depois. Esse com-
portamento é comum às pessoas que ti-
veram experiências dolorosas no passado,
mas é igualmente frequente em pessoas
que se sentem muito poderosas e inatin-
gíveis. Nesse caso, o medo é de se mostrar
frágil e dependente, perdendo a onipotên-
cia ilusória.
Outra forma bastante comum de
autossabotagem é a procrastinação. O

conhecido “deixar pra depois” ou “ir em-
purrando com a barriga”, embora seja
FAMOSO COMO hlLHO DA PREGUI¥Av  FRE-
quentemente esconde o medo de falhar,
de cometer erros ou mesmo o medo de
vencer. A fórmula é a mesma: pergunte-
-se que ganhos você tem procrastinando.
Que zona de conforto você está manten-
do ao empurrar essa decisão para depois?
A autossabotagem é uma doença da
alma que tem tratamento e cura, mas
EXIGEQUESEJAMOSlRMESEINSISTENTESNA
mudança de nossos hábitos e atitudes.
Não basta apenas o desejo de mudar, é

PRECISOQUENOSAUTODESAlEMOSEDES-
CONlEMOSDENOSSASDESCULPAS%SSEME-
canismo de autossabotagem só é vencido
com determinação, pois ele é construído
ao longo de muitos anos de lógica dis-
torcida. Não basta apenas repetir para si
mesmo uma nova maneira de ser, essa
batalha é constante, até que nosso in-
consciente desista de manter o status ao
qual se acostumou. O caminho da liber-
tação começa com o reconhecimento de
nossas próprias armadilhas, pois confor-
me disse Dostoiévski: a maior felicidade
é saber por que se é infeliz.

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