http://www.portalespacodosaber.com.br psique ciência&vida 67
UMDETERMINADOPERlLPODEMASPIRAR
AESTAREMUMlLMEOUESTAMPARUMA
capa de revista” (Huffpost 0ONTOPARAO
DIRETORQUEACERTAAOESCOLHERAJOVEM
SEM QUALQUER LIGA¥ÎO COM O MUNDO
CINEMATOGRÉlCO PARA INTERPRETAR UMA
PERSONAGEM QUE LHE ERA AFETIVAMENTE
TÎOCARASUAQUERIDA,IBO,IBORIA2O
driguez). É preciso entender bem que o
diretor produz um roteiro que tem a ver
COMASLEMBRAN¥ASCARINHOSASDEUMA
CRIAN¥APARAQUESEPOSSASERJUSTONA
POLÐMICAQUEOlLMETAMBÏMLEVANTOU
pelo seu tom meio “colonizador” ou
CONDESCENDENTE SOBRE A HISTØRIA DA
quela empregada doméstica. Cuaron
deixou claro que falava a partir desse
lugar de privilegiado, e aí está a beleza
DOlLME#LEOPROTAGONIZAQUASESEM
existir enquanto desejo, deixa depois do
;lM=OESPECTADORMEIOINCOMODADOE
com desejo de saber o que ela pensava,
muitos falaram do eloquente silêncio da
personagem, talvez aí resida o ponto
BELODOROTEIRO3ENDOASSIMPARADO
xalmente ele denuncia o paternalismo
COM O QUAL TEMAS SEMELHANTES SÎO
abordados, até mesmo, por exemplo,
pelo nosso belo Que Horas Ela Volta?
4ALVEZUMDOSlLMESQUEMAISSEAFAS
tam dessa perspectiva “colonizadora”
seja o A Hora da Estrela, inesquecível,
mas, também... era inspirado em Clarice
Lispector, desejo pulsante.
Roma, bairro de classe média alta na
cidade do México, que desde as primei-
RASDÏCADASDOSÏCULO88GANHOUESSAS
características e que representa o lugar
onde Cuaron cresceu, mais exatamen-
te na rua Tepeji, que aparece em uma
DASCENAS!STOMADASAOREDORQUESÎO
feitas, principalmente as da perspecti-
VADOSTELHADOSMOSTRAUMAHABITA¥ÎO
COMUMPARAOLUGARNÎOSEDESTACANDO
das outras por qualquer característica,
ASlLMAGENSFORAMREALMENTEFEITASNO
bairro, o que explica as inúmeras vezes
QUEAVIÜESSOBREVOAMOLOCAL%MUMA
das casas mora a família composta pelos
PAISAAVØMATERNAEQUATROlLHOSTEN
do Cleo e Adela (Nancy Garcia) como
Eduardo J. S. Honorato é psicólogo e psicanalista, doutor em Saúde
da Criança e da Mulher. Denise Deschamps é psicóloga e psicanalista.
Autores do livro GGGd
: Participam
de palestras, cursos e em empresas e universidades.
Coordenam o site http://www.cinematerapia.psc.br
PRESTADORASDESERVI¥OSDOMÏSTICOSQUE
incluem, praticamente, quaisquer das
necessidades de qualquer dos membros
DAFAMÓLIAAQUALQUERHORAINCLUSIVEDO
CÎOQUElCASEMPRENAÉREAEXTERNADA
CASAQUELHESERVEDEENTRADAECUJAS
IMAGENS: DIVULGAÇÃO E SHUTTERSTOCK
FEZESGANHAMUMAREPRESENTA¥ÎOESTRA
NHANODECORRERDOlLMECOMOQUANDO
a única vez em que Cleo é agredida pela
PATROA GANHA O SIMBOLISMO DA CULPA
PELAINSATISFA¥ÎODOPATRÎO
O longa Roma traz um cardápio
completo, debates que podem ir desde
QUESTÜESTÏCNICASHOMENAGEMAOCINE
ma – como quando mostra a cena do
Sem Rumo no Espaço (Marooned/1969),
que o inspirou no seu anterior Gravidade
(Gravity nAMBIENTA¥ÎOMACHIS
MOATÏQUESTÜESSOCIAISPOLÓTICASEHIS
tóricas. Tudo apenas para que o especta-
DORhPESQUEvEESCOLHANOQUEDESEJASE
APROFUNDAR"ELÓSSIMOPROVOCAUMCHO
RODOÓDODEVERDADE0RATICAMENTESEM
TRILHASONORAAPRESENTAAOESPECTADOR
uma sinfonia em sons da própria vida.
A musicalidade de muitas cenas em que
NÎOHÉAUTILIZA¥ÎODORECURSODECOM
POSI¥ÜESEMOCIONAEINVADEOSSENTIDOS
¡UMABELAHOMENAGEMAOUTROSDIRE
tores que já utilizaram esse recurso de
DIFÓCILORQUESTRA¥ÎOCOMOPOREXEMPLO
ROMA, BAIRRO DE
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ALTA NA CIDADE
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O LUGAR ONDE
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O longa traça a história de
vida de duas classes sociais,
as enormes distâncias e
os encontros fugazes e
fundamentais entre ambas
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