Psique - Edição 156 (2019-02)

(Antfer) #1
68 psique ciência&vida http://www.portalespacodosaber.com.br

OMARCANTE!LEKSANDR3OKUROVQUEFAZ
isso belamente em algumas cenas em
Mãe e Filho (Mat i Syn/1997). Há uma
densidade em Roma, que se apresenta
como uma obra paradoxal (enigmática
e escancarada) que possibilita leituras
MÞLTIPLAS E NÎO EXCLUDENTES %M SUA
forma mais direta, conta um fragmento
de tempo sob a perspectiva de uma em-
pregada doméstica no México que cuida
COMEXTREMADEDICA¥ÎODEUMAFAMÓLIA
EMSEUMOMENTODEDESAGREGA¥ÎO
.ÎOPODEMOSDEIXARDEOBSERVARQUE
#UARONPERDEUSUAMÎE #RISTINA/ROZCO
ANOS NOANODAAPRESENTA¥ÎODESSE
lLME,IBOAINDAESTÉVIVAEPÙDEVERA
ESTREIADOlLME!OQUEPUDEMOSAPURAR 
!LFONSOÏOSEGUNDOlLHODAFAMÓLIA O
QUEFARIACOMQUENOlLMECORRESPONDA
AOPERSONAGEMDE0ACO#ARLOS0ERALTA 
oque mais perturba e ao que parece cor-
RESPONDE A GRANDE PREOCUPA¥ÎO QUE A
MÎETEVECOMELEATÏAVIDAADULTA%LA
queria que ele estudasse, mas o menino
SØSEINTERESSAVAPELOSlLMES

-5.$/-!3#5,)./
1UEHOMENAGEMMAISPLENAPENSAR
QUESUAMÎEENCERRASUAVITORIOSAVIDA
SENDOHOMENAGEADAPORESSAMAJESTOSA
PELÓCULA QUEAOlMSECONSTITUICOMO

UMA COMPLETA HOMENAGEM A TANTAS
MULHERESQUELUTAMBRAVAMENTEDIANTE
de um mundo masculino que as descon-
sidera e desvaloriza todo o tempo. Em
DETERMINADO MOMENTO DO lLME  SUA
MÎEFALAPARA#LEOAFORTECONCLUSÎO
h.ØS MULHERES ESTAMOSSEMPRESOZI
NHASv/MOMENTOQUE!LFONSO#UARON
ESCOLHEPARARETRATARRETORNAAOPERÓODO
DASEPARA¥ÎODESEUSPAIS/PAI !LFRE
do Cuaron, um dos primeiros médicos
em radiologia do Hospital Geral da Ci-
DADEDO-ÏXICO ANTESTAMBÏMHAVIA
SIDOFÓSICONUCLEARETRABALHADOPARAA
!GÐNCIA)NTERNACIONALDE%NERGIA!TÙ

MICAABANDONAAMULHEREQUATROlLHOS
para viver uma nova vida, aparentemen-
TESEGUINDOOCLICHÐDAPAIXÎOPORUMA
MULHER MUITO MAIS JOVEM NÎO lCA
claro se era uma aluna). Lendo sobre a
VIDADODIRETOR VERIlCAMOSQUEPOUCO
OUNADAELEDISFAR¥OUPARAOSEUROTEIRO 
ASCOISASESTÎOPOSTASCOMOSEUOLHAR
DECRIAN¥AENXERGOUOSACONTECIMENTOS
e remete a um núcleo familiar em que
APRESEN¥ADEQUATROMULHERESADULTAS 
MÎE AVØMATERNA ENOlLMEASEMPRE
gadas Cleo e Adela, correspondem a
uma realidade vivenciada.
#OMO MUITAS MULHERES VIVEM ATÏ
HOJE #RISTINAACABARÉSEVENDOFRENTE
à tarefa de zelar e sustentar sua família
SEMAPRESEN¥ADAlGURAPATERNA.ES
se aspecto, será de forma delicada e
SEMALARDEQUEODIRETORESCOLHEUTRA
TARTEMASESPINHOSOSAOLONGODOlLME 
SUPOMOSQUEHOMENAGEIASUAMÎEAO
deixar claro que ela jamais fez qualquer
MOVIMENTOEMDIRE¥ÎOÌQUILOQUEHOJE
NOMEAMOSDEhALIENA¥ÎOPARENTALv!O
CONTRÉRIO QUANDOlNALMENTECOMUNICA
a saída do pai de casa, já após meses em
que esteve ausente, o faz garantindo aos
lLHOSQUEOPAIOSAMAEQUECONTINUARÉ
a estar com eles. Tudo nesse comple-
XOlLMETEMUMTOQUEDECARINHOQUE
COMOVENOSDETALHES#OMOOFATODE
que, sem saber nadar, Cleo salva de afo-
gamento um de seus membros, talvez
metaforicamente toda a família.

)-0!#4/2%!,
/DIRETORESCOLHEUCOMPORSUAOBRA
quase sem estrelas experientes, rodou
em continuidade e quase sempre os ato-
RESSØCONHECIAMOTEORDACENANAHORA
de gravar, o que Cuaron fazia sem dar
cortes vibrando enquanto a cena impac-
tava toda a equipe. O diretor diz em uma
entrevista concedida (NYT) que quando
COME¥AVAARODARhSECRIAVATODOUM
caos...Todo mundo teria que existir den-
tro desse caos como a vida”. Com isso
criou mais uma personagem que com
toda certeza marcará para sempre a
HISTØRIADOCINEMA0ODEMOSSUPORQUE

O LONGA
#/.34)45)5-!
BELA HOMENAGEM
!4!.4!3-5,(%2%3
QUE LUTAM
BRAVAMENTE DIANTE
DE UM MUNDO
-!3#5,)./15%
!3$%3#/.3)$%2!
%$%36!,/2):!
4/$//4%-0/

IMAGENS: DIVULGAÇÃO E SHUTTERSTOCK

Existem muitas cidades em uma só na interpretação do
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infância e, com isso, a arquitetura brutalista dos anos 70

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