Psique - Edição 156 (2019-02)

(Antfer) #1
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O papel do psicólogo em doenças


crônicas é auxiliar o doente e seus


familiares no enfrentamento, através de


um apoio psicossocial no combate dos


efeitos negativos do tratamento


IMAGENS: SHUTTERSTOCK E FREEPIK


mandas para esses profi ssionais, inclu-
sive na área da oncologia (CFP, 2003).
Nesse sentido, a Psicologia,
atuando em pacientes com doenças
crônicas, consiste na área de atuação
ampliada que se aplica no acompa-
nhamento psicológico ao paciente
com doenças crônicas e a sua família e
aos profissionais de saúde envolvidos
em seu tratamento, na reabilitação e
na fase terminal da doença (se for o
caso), utilizando conhecimento edu-
cacional, profissional e metodológi-
co proveniente da Psicologia da Saú-
de. O psicólogo também pode atuar
na pesquisa e no estudo de variáveis
psicológicas e sociais relevantes para
a compreensão da incidência, da re-
cuperação e do tempo de sobrevida
após o diagnóstico. Além disso, pode
auxiliar na organização de serviços
que visem ao atendimento integral do
paciente, enfatizando de modo espe-
cial a formação e o aprimoramento
dos profissionais da saúde envolvidos
nas diferentes etapas do tratamento
(Torrano-Massetti et al., 2000). ver melhoria da qualidade de vida
através de intervenções que possam
auxiliar os pacientes e seus familiares
no enfrentamento e na aceitação da re-
alidade; auxiliar na aquisição de novas
habilidades ou retomada de habilida-
des preexistentes; e revisão de valores
para o retorno à vida profi ssional, fa-
miliar e social ou para o fi nal da vida
(Lourenção et al., 2010; Miyazaki et
al., 2002; 2006).
Sugere-se que o trabalho da equipe
multidisciplinar seja pautado no enfo-
que integral do sujeito, com o intuito de
possibilitar a ressignifi cação da doença
e aumentar sua sobrevida. Outra cons-
tatação importante é a formação do vín-
culo que ocorre entre profi ssionais da
saúde e pacientes, visando assegurar a
sua adesão às propostas e às orientações
combinadas, no sentido de fortalecer
sua autonomia, competência e seguran-
ça na busca das metas, para que alcan-
cem resultados positivos em sua saúde
e, por conseguinte, em sua qualidade

Miocardiopatia dilatada
Trata-se de uma doença do múscu-
lo do coração, que impede o bom-
beamento eficiente de sangue para
o corpo, provocando problemas
como arritmias, coágulos de sangue
e até morte súbita. A miocardiopa-
tia dilatada atinge, especialmente,
oventrículo esquerdo, uma impor-
tante câmara de bombeamento do
coração. O ventrículo esquerdo fica
ampliado e as fibras musculares se
esticam ao máximo.

A primeira tentativa de tratar
Denise foi um tratamento
medicamentoso para
insuficiência cardíaca, mas
não conseguiu controlar
a progressão da doença.
Desde o início, a paciente
buscou apoio também no
tratamento terapêutico.

Apoio


O


papel do psicólogo em doenças
crônicas propõe o apoio psi-
cossocial e psicoterapêutico diante
do impacto do diagnóstico e de suas
consequências. Além disso, mostra a
possibilidade de auxílio para melhor
enfrentamento e qualidade de vida
do doente e de seus familiares, atra-
vés de um apoio psicossocial no en-
frentamento dos efeitos negativos do
tratamento contra a doença. Também
demandam intervenções psicotera-
pêuticas especializadas. Além disso,
as funções desse profi ssional devem:
favorecer a adaptação dos limites, das
mudanças impostas pela doença e da
adesão ao tratamento; auxiliar no ma-
nejo da dor e do estresse associados à
doença e aos procedimentos necessá-
rios; auxiliar na tomada de decisões;
preparar o paciente para a realização
de procedimentos invasivos e dolo-
rosos, e enfrentamento de possíveis
consequências dos mesmos; promo-

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