CONCENTRE-SE EM OFERECER COISAS
AOS OUTROS, NÃO EM TOMÁ-LAS
Eu ouvi falar pela primeira vez da “Casa de Sarah” em um comercial de rádio anunciando
um evento de arrecadação de fundos. Foi só depois que descobri que Sarah e eu na verdade
crescemos na mesma cidade. Na última noite da vida de minha mãe, estávamos em um jogo
de basquete e me lembro de haver gêmeas jogando. Uma delas era Sarah Robinson.
Desde então conheci sua irmã gêmea, Lindsay Turner, que me contou tudo sobre Sarah.
Quando tinha 24 anos, ela foi diagnosticada com um tumor cerebral. Foi operada e passou por
quimioterapia por um ano e meio antes de perder a batalha contra o câncer. Durante o trata-
mento, ela não se concentrou na injustiça de ter contraído a doença. Na verdade, estava ocu-
pada demais em sua missão de ajudar outras pessoas.
Sarah conheceu outros pacientes de câncer em seu centro de tratamento e ficou horrori-
zada de saber que muitos deles dirigiam longas distâncias para se tratar. Morar no Maine rural
significava, para alguns pacientes, ter que fazer uma viagem de ida e volta de cinco horas,
cinco vezes por semana por períodos de seis semanas por vez, porque não tinham dinheiro
para pagar um hotel. Alguns deles dormiam no carro, no estacionamento de um supermerca-
do. Ela sabia que essa não era uma boa condição para lutar uma batalha por sua vida.
Procurando ajudar, de início brincou que podia comprar beliches e deixar todos dormirem
em sua casa. No entanto, ela sabia que essa não seria uma solução de longo prazo. Então
teve a ideia de criar um centro de hospitalidade próximo do centro de tratamento. Sarah já era
membro do Rotary Club local havia vários anos, cujo lema é “Dar antes de pensar em si”, algo
em que ela com certeza acreditava. Vendeu a ideia ao clube e seus membros concordaram
em lhe ajudar a criar um centro de hospitalidade.
Sarah se apaixonou por transformar a ideia em realidade e trabalhou duro para tirá-la do
papel. Na verdade, segundo sua família, mesmo durante a quimioterapia acordava com fre-
quência no meio da noite para trabalhar no projeto. À medida que sua saúde ia se deterioran-
do, ela se manteve positiva. Disse à família: “Não vou sair da festa cedo. Vou é chegar lá an-
tes.” Não apenas sua fé em Deus permaneceu forte, como transformou seu desejo em reali-
dade.
Sarah Robinson morreu em 2011, aos 26 anos. Mas, como ela pediu, sua família e seus
amigos estão trabalhando para transformar a “Casa de Sarah” em realidade. Em dezoito me-
ses, levantaram quase um milhão de dólares. Até sua filha se envolveu na arrecadação de
fundos. Ela tem um pote com as palavras “Casa de Sarah” escritas no rótulo, e doa todo o di-
nheiro que ganha vendendo limonada. Sem um único funcionário formal, os voluntários têm
trabalhado incansavelmente para transformar uma velha loja de móveis em uma casa de hos-
pitalidade de nove quartos que nunca vai dar as costas aos pacientes.
A maioria das pessoas diagnosticadas com uma doença terminal pode perguntar “Por
que eu?”, mas essa não foi a mentalidade de Sarah. Quando sua saúde deteriorou a ponto de
não conseguir mais colocar seu pijama sozinha e seu marido ter que vesti-la, ela escreveu em
seu diário: “Sou a mulher mais sortuda do mundo!”
“Eu tenho uma convicção muito firme de que ‘deixei tudo no campo’ (o campo da vida,
quero dizer)”, escreveu ela em outra data no diário. “Nunca me detive, não me arrependo, as
pessoas em minha vida sabem o que significam para mim e sempre projetarei isso abertamen-
te.” Sarah com certeza deu à vida tudo o que tinha e é provável que isso tenha sido uma das
razões pelas quais conseguiu enfrentar a morte com tanta coragem, mesmo em idade tão jo-
vem. Pouco antes de morrer, revelou que uma de suas vontades era inspirar outros a aderir a
suas organizações cívicas locais porque “É disso que a vida é feita”. Deixou claro que, quando