Daria a ela algum tempo para se reerguer, mas dentro de dois meses teria que pagar aluguel
se quisesse continuar morando lá. De início, a filha ficou chateada com as novas regras da
mãe, mas, em alguns dias, começou a procurar emprego.
Em poucas semanas, Gloria entrou no meu consultório para anunciar com orgulho que
sua filha tinha arrumado um emprego e, ao contrário dos que tivera antes, este poderia se tor-
nar uma carreira. Disse ter visto enormes mudanças na filha desde que o emprego fora ofere-
cido e que falava muito mais sobre suas aspirações para o futuro. Gloria ainda não tinha se
perdoado completamente pelo passado, mas reconhecia que a única coisa pior que ter sido
uma mãe ruim por 28 anos seria continuar assim por mais 28.
ESTAGNADO NA HISTÓRIA
Às vezes pessoas se prendem ao que aconteceu há anos, enquanto outras pensam no
que aconteceu semana passada. Alguma destas afirmações se aplica a você?
- Você gostaria de poder apertar o botão de rebobinar para poder refazer partes da
sua vida. - Você sofre por causa de grandes arrependimentos sobre seu passado.
- Você passa muito tempo imaginando como a vida teria sido se tivesse escolhido
um caminho ligeiramente diferente. - Às vezes você sente que os melhores dias de sua vida já ficaram para trás.
- Você repassa suas memórias na cabeça o tempo todo, como um filme.
- Às vezes você se imagina dizendo ou fazendo algo diferente no passado para
mudar o futuro. - Você se pune ou se convence de que não merece ser feliz.
- Ao cometer um erro ou passar por um episódio constrangedor, você o repassa re-
petidas vezes na cabeça. - Você investe muito tempo pensando em como as coisas “poderiam ter sido” ou
“deveriam ter sido”.
Apesar de a autorreflexão ser saudável, ficar preso ao passado é autodestrutivo, pois o
impede de desfrutar o presente e planejar o futuro. Mas você pode escolher viver o momento.
POR QUE FICAMOS PRESOS AO PASSADO
A filha de Gloria sempre a manipulava, aproveitando-se da culpa que ela sentia, lem-
brando-lhe de que não estivera presente quando a filha era uma criança – o que apenas ali-
mentava o remorso da mãe. Se a filha de Gloria ainda não a tinha perdoado, como ela poderia
se perdoar? Aceitava seus sentimentos de culpa constantes como parte da penitência pelos
erros que cometera e, como consequência disso, continuava presa ao passado.
A culpa constante, a vergonha e a raiva são apenas alguns dos sentimentos que podem
mantê-lo estagnado no passado. Você pode pensar inconscientemente: Se eu ficar muito triste
pelo tempo suficiente, no fim serei capaz de me perdoar. Você pode nem se dar conta de que,
no fundo, não acredita que mereça ser feliz.