das proximidades das eleições para o Congresso Federal, dão apoio aos candidatos que defendem as
reivindicações do Partido Comunista Brasileiro, empenhado naquela altura dos acontecimentos na
constituição de uma "Frente Patriótica Antifascista". Não podiam pairar mais dúvidas, nem entre os
habituais inocentes úteis, sobre a presença efetiva desta organização marxista na vida política do
país. Os resultados eleitorais de novembro trouxeram novas preocupações ao governo.
A conjuntura internacional caracterizava-se, em 1974, ainda, pelas agitações de classes e
manifestações de violência, com seqüestros, assassínios e outros atos de terrorismo, ocupando as
primeiras páginas dos jornais. Lutas intestinas em várias nações, com participação de grupos
armados, apoiados, velada ou ostensivamente, pelos comunistas, completavam este quadro.
Na África tropas cubanas tomavam parte na guerra de libertação de Angola, afirmando-se a
existência naquele conflito, também, de forças militares de outros países.
Na América do Sul a revolução democrática chilena esboroara, com a queda de Allende, a
principal base de irradiações marxistas na América Latina. A Argentina tornou-se a zona de
concentração de importantes elementos comunistas - chilenos, uruguaios e brasileiros - banidos ou
foragidos da justiça de suas pátrias. Visando a uma ação coordenada, na área da Bacia do Prata,
tentam organizar, ali, uma "Frente Internacional Subversiva" que aglutinaria as organizações radicais
de esquerda. No contexto destas idéias, a organização subversiva argentina Exército Revolucionário
do Povo conseguiu, em fins desse ano, com a adesão de suas congêneres do Brasil, Chile, Bolívia e
Uruguai, criar ajunta de Coordenação Revolucionária, com o objetivo de elaborar e articular um
plano de ação guerrilheira, de âmbito continental.
As campanhas difamatórias, no exterior, intensificaram-se, principalmente na Europa.
Procuravam apresentar ao mundo nossos governos revolucionários como regimes de opressão, que
esmagavam sob o arbítrio as liberdades individuais. As prisões injustificáveis e a tortura de presos
constituíam elementos constantes desta difamação, amparada, sempre, pelos adeptos do marxismo,
qualquer que fosse a tonalidade de sua coloração vermelha.
A revolução portuguesa, de 25 de abril de 1974, desencadeada sob nítida inspiração comunista,
transformou Portugal num pólo de atração para todos os exilados e contestadores do Movimento de
março de 1964. De lá partiram, pelas facilidades das novas condições políticas lusas, através de uma
literatura panfletária, as infâmias e detrações, que atingiram, antes de tudo, a nação brasileira. De lá
sairia, em maio de 1976, editado pela Anistia Internacional - órgão de raízes marxistas -, um
opúsculo repleto de imputações falsas aos militares brasileiros.
Motivou também estranheza, naquela época, que o governo de uma revolução desencadeada
contra o totalitarismo, de cujas falações recendiam propósitos democráticos, dispensasse um
acolhimento quase hostil aos ilustres portugueses que, foragidos do comunismo ibérico, apelavam
para o asilo brasileiro, confiantes na grandeza de nosso povo e na nossa tradição de abrigo aos
perseguidos.