um problema na eleição paraense, pois pelo que se insinua e muitos afirmam, a identidade de vista
entre os dois presidentes - o que saiu e o que entrou - foi, em todos os momentos, integral e perfeita.
Tolos foram aqueles que admitiram o contrário.
Em 1975, o Presidente da República- que se dizia revolucionário -rejeitou Jarbas Passarinho,
revolucionário de primeira água, para aceitar Petrônio Portella Nunes, um dos maiores opositores da
Revolução, elemento que, na manhã de 10 de abril de 1964, escreveu ao marxista MiguelArraes,
governador de Pernambuco, para assegurar incondicional solidariedade a João Goulart e informar de
que estava se dirigindo ao povo, para esclarecer sua posição em defesa do mandato do Presidente da
República.' Nesse famoso discurso, na tarde de 1° de abril, proferido no palácio de Carnaque, na
presença de operários e jornalistas, incita o povo contra a Revolução e insulta-nos - a nós
revolucionários, é claro - com apodos de golpistas e ilegalistas.6
Ligado a MiguelArraes, a quem Prestes, em recente entrevista à imprensa, definiu como "um
aliado desde sua candidatura à prefeitura de Recife"' Petrônio Portella Nunes foi líder do partido
governamental no Senado, negociador, investido de amplos poderes pelo Presidente da República,
das reformas políticas, e, por ironia do destino, no atual governo - que se alardeia revolucionário de
1964 - é Ministro da justiça.
A Política é realmente um enigma dificílimo de decifrar, mui especialmente quando se coloca,
como ocorre no Brasil, a lei política acima da lei moral, comprovando na prática a tese do cônego
espanhol do romance de Balzac.