Ferreira o desejo do general Geisel de ver pacificada a política paraense, para o que julgava
indispensável o congraçamento dele, Passarinho, com Alacid.
Decidira, por conseguinte, atender ao presidente, mas insistia em afirmar que tal conciliação era
apenas política.
Agradeci ao senador a gentileza do esclarecimento, palestramos sobre outros assuntos e fi-lo
acompanhar, na saída, por um de meus assistentes.
Meses depois, vêm à tona da conjuntura interna as intrincadas sucessões estaduais; no estado do
Pará apresentam-se candidatos a governador Passarinho e Alacid. Falava-se com certa insistência na
indicação, pelo Governo Federal, do senador Jarbas Passarinho para aquele cargo.
Pessoas privilegiadas - freqüentadoras assíduas do Planalto -, contudo, mostravam-se céticas
quanto a esta escolha. Murmuravam não ser do interesse nem do agrado do general Gustavo Morais
Rego Reis, Chefe da Casa Militar, oficial ligado à sociedade paraense, o nome do senador, enquanto
o do outro candidato - Alacid Nunes - contava com a simpatia dos assessores do presidente Geisel,
em particular do general Golbery do Couto e Silva.
Quem conhecesse todos os fatos, aqui descritos com parcimônia de minúcias, bem como os
comentários que suscitaram, não precisaria possuir os dotes de adivinho para prever a preterição, em
suas aspirações, do senador Jarbas Passarinho. Indicado pelo governo, o senhor Alacid Nunes foi
eleito governador do Pará.
Realmente, ao observador atento, não causaria surpresa essa escolha:
- nas eleições de 1965, a ser verdade a versão coincidente que me deram, espontaneamente, duas
fontes distintas, já existiam laços de amizade entre o general Golbery e Alacid Nunes; - em abril de 1975, o presidente Geisel manifestou sua contrariedade pelo convite feito ao
coronel RI Jarbas Passarinho para orador oficial nas comemorações do Dia da Artilharia.
Provavelmente, não desejava ficasse fortalecido na sua suposta pretensão de ser líder da Arena. Não
queria o senador Passarinho como líder do partido do governo; - propalava-se, sem rebuço, que o general Morais Rego, por divergências e problemas regionais
paraenses, discordava do nome do senador Passarinho.
Escolhido Alacid Nunes, impunha-se dar ao senador Passarinho uma explicação que contivesse
qualquer reação capaz de levá-lo a combater ou mesmo criar restrições a medidas governamentais.
Foi dito, então, que o novo governo - um processo continuísta do que, felizmente, deixou o poder -
considerava indispensável a presença do senador Passarinho no Congresso.
O senador Passarinho é hoje líder da Arena no Senado, lugar em que o general Geisel não o
queria. É possível que esta tenha sido uma solução ardilosa, forçada pelas circunstâncias, para evitar