IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1
Será isto uma ditadura ou uma democracia relativa?

Outro esclarecimento que poderia prestar o ilustre diplomata era se as minorias discordantes e
vencidas devem ser compelidas a aceitar e cumprir decisões que afetem, de forma vital, os seus
valores morais e regimes políticos, quando seu comportamento não configure ameaça a qualquer
nação. O México nunca reconheceu o bloqueio econômico de Cuba e o Peru já mantinha relações
diplomáticas com aquele país antes de 1974, no entanto nunca foram forçados pela OEA a agir de
acordo com a resolução da IX Reunião de Consulta, de 1964. Ao término da vota ção, em Quito, as
12 nações favoráveis a Cuba, com a solidariedade de Barbados e Jamaica - países sem direito a voto



  • rebelaram-se contra a decisão e prometeram restabelecer relações com Havana, segundo o
    chanceler colombiano, "assim que forem cumpridos certos trâmites"."


Todos estes comportamentos, como é fácil de deduzir, estão enfraquecendo a Organização dos
Estados Americanos e tornando de eficiência muito discutível o Tratado Interamericano de
Assistência Recíproca.


O Artigo 17 do Tiar foi, finalmente, reformulado em reunião dos ministros plenipotenciários, a
22 de julho de 1975, derrogando a maioria de dois terços para certas decisões e passando a vigorar a
maioria simples.


Estava aberto o caminho por que tanto ansiavam os mascarados defensores de Cuba.

Ainda em julho, foi aprovada, por 16 votos favoráveis, três contrários e duas abstenções, a
proposta costarriquenha da suspensão do bloqueio de Cuba. Abstiveram-se de votar o Brasil e a
Nicarágua. Votaram contra o Chile, o Uruguai e o Paraguai, que considerou Cuba "um perigo para a
paz interamericana"12


Encerrou-se, deste modo, a questão do bloqueio de Cuba. Estou convencido, pelos fatos
apresentados, manobras ensaiadas e pela tendência dos homens que circulavam em torno do
Presidente da República, que havia um objetivo bem definido de realizar, de modo direto ou
mediato, relações com aquela república insular, à semelhança do que se fez com a China. O próprio
secretário particular do presidente, numa precipitação de mau humor, já o confessara, como aludi,
anteriormente, noutra parte deste livro.


Em depoimento no Senado, em abril de 1979, o ministro Azeredo da Silveira confirmou seu
grande interesse pelas ligações do Brasil com Cuba. Eis o trecho [publicado na imprensa] :


O ex-chanceler Azeredo da Silveira disse ontem à Comissão de Relações Exteriores do Senado
que, durante a sua gestão no Itamaraty, chegou a tentar uma aproximação maior com Cuba,
acompanhando os gestos de outros países, inclusive os Estados Unidos, mas as pressões
contrárias foram muito grandes.13

Mais adiante, referindo-se ao espírito de tolerância de certos povos, diz: "O brasileiro não
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