IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

A América é, pois, neste confrangedor panorama, o derradeiro reduto da Democracia, não se
compreendendo, por conseguinte, como o governo brasileiro, representante de uma revolução
visceralmente contrária ao marxismo, fosse o primeiro, no concerto universal das nações, a estender
a mão ao governo de Luanda, de legitimidade discutida, quando Portugal, onde pululavam os
comunistas, só o faria depois de três meses, em 22 de fevereiro de 1976, alegando o próprio
primeiro-ministro Mario Soares que fazê-lo, em novembro de 1975, seria "eternizar a guerra".19


Um comunicado do secretário da Comissão Política, àquela época, segundo o líder comunista
Álvaro Cunhal, "proclamava que o MPLA não pode ser reconhecido, porque isso seria reconhecer o
colonialismo russo-cubano sobre Angola. Protestava contra o reconhecimento por vários países,
porque isso é aceitar a projeção do Pacto de Varsóvia em África. Anunciava que Angola se podia
transformar num novo Vietnã""


Realmente, ainda lutavam em Angola, naquela ocasião, três fortes grupos rebeldes que se
autodenominavam libertadores. No leste, ligado ao Zaire, atuava a Frente Nacional de Libertação de
Angola (FNLA) sob a direção de Holden Roberto, que contava com o apoio das potências
democráticas e, também, da China; ao sul, combatia a União Nacional para a Independência Total de
Angola (Unita), que, comandada por Jonas Malheiros Savimbi, recebia substancial auxílio de forças
sul-africanas; e, finalmente, na região central, abarcando Luanda, encontrava-se o Movimento
Popular de Libertação de Angola (MPLA), acintosamente favorecido pela presença de tropas
cubanas e irrestrito apoio da União Soviética, Iugoslávia e Tchecoslováquia.


Este apoio jamais poderá ser negado, visto que o próprio embaixador russo em Lisboa, após a
revolução portuguesa, declarou publicamente ser o bloco soviético a "Fortaleza para as revoluções
sociais, movimentos democráticos e movimentos de libertação"." A cruel participação cubana
naquele país foi lembrada e confirmada, em 1978, em notícia divulgada pelo jornal londrino Sunday
Telegraph. Um dos nossos matutinos` transcreveu-a, dizendo textualmente:"Tropas governamentais de
Angola, apoiadas por soldados cubanos, mataram 70 mil civis durante a operação limpeza contra a
Unita e reduziram a cinzas dezenas de aldeias no norte do país" e, logo a seguir, "Milhares de
meninos de 10 a 17 anos foram retirados das povoações rebeldes e enviados a Cuba para
doutrinação", acrescentando, finalmente, "que estão em Angola 25 mil soldados cubanos, além de 50
mil civis cubanos, cinco mil conselheiros soviéticos e 14 mil assessores diversos, procedentes de
países do Leste Europeu".


O ex-secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, em entrevista divulgada pela
televisão em Paris, disse: "A ação de Cuba deve ser detida. Poderia ter sido em Angola e, inclusive,
na Etiópia. Agora será mais difícil detê-la em outros lugares ... A continuidade da presença de cerca
de 40 mil soldados e técnicos cubanos bem equipados no continente africano suscita o temor de que
possa surgir a tentação de usar tal força, se a situação da Rodésia ou da África do Sul se deteriorar,
inesperadamente."23


Foi, exatamente em relação a Cuba, país exportador de subversão, que o nosso governo adotou a
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