IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

mais nomes para que não lhe fosse cerceado o direito de escolha melhor, do seu ponto de vista, é
claro.


No parecer que enviei à Presidência, a par da sugestão e considerações sobre a medida
lembrada, fiz ressaltar que a nossa concordância - do Exército - decorria, unicamente, do fato de ser
o chefe do Executivo um militar revolucionário. Os fatos posteriores vieram, no entanto, evidenciar
que as raízes desta proposta eram muito mais políticas do que poderia admitir a decantada boa-fé
militar. Uma análise serena do almanaque militar em 1975 patenteia como uma simples medida,
usada com discrição e habilidade no pertinaz desígnio de atingir objetivos preestabelecidos, tornou
possíveis promoções tecnicamente impossíveis.


O Presidente da República examinava com o Ministro do Exército a lista composta pelo Alto
Comando, trocavam idéias e opiniões sobre os oficiais dela constantes, contudo, o presidente nada
decidia, alardeando sempre que as promoções e classificação do general eram prerrogativas suas,
das quais não abriria mão, em hipótese nenhuma. Muitas divergências tivemos nestas apreciações.


Às vésperas das datas fixadas para as promoções, o Chefe do Gabinete Militar - general Hugo
Abreu - transmitia-me a decisão presidencial, com a recomendação de só divulgá-la na manhã
seguinte.


As promoções, na realidade, sofriam a influência dos conceitos emitidos pelo grupo de
assessores imediatos do presidente. Este grupelho - para ser coerente com a denominação que,
publicamente, já lhe dei - agia dentro de um plano adrede preparado, de manifesto ranço político. As
propostas de designações para comandos e chefias constavam de duas ou três linhas de ação, em que
se combinavam os nomes e os cargos. O presidente examinava-as mas não decidia, deixando a
decisão para mais tarde, ao que se dizia para ouvir os mesmos assessores. Determinadas áreas
constituíam objeto de constante preocupação do governo, em se tratando de designar generais para
ali servirem. O estado de São Paulo só recebia generais ungidos pelos óleos da confiança dos
sacerdotes do Planalto. Fácil é verificar as íntimas relações de amizade e as anteriores ligações de
serviços que os escolhidos mantiveram com o presidente e, ainda, perceber como estes fatores
predominaram na seleção, embora muitos desses oficiais fossem dotados de destacadas e
reconhecidas qualidades profissionais.


A manobra político-militar em São Paulo saltava aos olhos. O governador do estado privava da
intimidade do Presidente da República, que desejava ter ali um dispositivo militar de sua confiança
pessoal para, em caso de uma crise institucional, nele se apoiar.


Outra área de sua preocupação era a Vila Militar, no Rio de Janeiro. A escolha do substituto do
general Edgard Bonnecase Ribeiro - atingido pela compulsória - no Comando da lá Divisão de
Exército não foi muito tranqüila.


Apresentei ao presidente nomes de três generais. Não aceitando os sugeridos, lembrou o nome
do general Walter Pires de Carvalho e Albuquerque. Disse-lhe que não achava conveniente colocá-lo

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