na Vila Militar, porque me havia confessado, tempos atrás, que a sua grande aspiração era comandar
a 5á Divisão de Exército. Desejava atendê-lo em sua pretensão, que não se chocava com os
interesses do Exército. Replicou o general Geisel que eram os interesses do Exército, justamente, que
impunham sua ida para a 1á Divisão de Exército. Recomendou-me, a seguir, que chamasse o general
Walter Pires e lhe expusesse, nestes termos, a questão.
Retirei-me e, ao chegar ao meu gabinete ministerial, determinei chamassem aquele general, ao
qual narrei o que ocorrera na audiência presidencial. Terminei lamentando não tivesse impedido sua
ida para o Rio, pois estava certo de que atenderia a um desejo seu caso o mandasse servir em
Curitiba. Não me respondeu, dando-me a impressão de que gostaria de ser classificado na 1á
Divisão de Exército. Surpreso com aquela atitude perguntei-lhe:
-Lembra-se de que você me disse que desejava servir em Curitiba, onde tinha ligações de família
e, por isso, não queria ir para o Rio?
Permaneceu calado. Tinha eu, entretanto, um testemunho da declaração anterior - o meu Chefe-
de-Gabinete; mandei chamá-lo. Confirmou o general Bento ter presenciado o general Walter Pires
dizer que, por sua vontade, não serviria no Rio de janeiro, porém, com satisfação, em Curitiba.
Em face desta confirmação, revelou o general Walter Pires ter agido daquela maneira para evitar
que o ministro Dale Coutinho o classificasse no Comando Militar da Amazônia, quando de sua
promoção a general-de-divisão; todavia, o que ele na realidade pretendia era comandar a 1á Divisão
de Exército.
Soube, posteriormente, que tudo resultara de um pedido do general João Baptista de Figueiredo
ao presidente, solicitação feita, naturalmente, de acordo com o general Walter Pires, versão que
admito correta.
Este simples fato comprova a montagem de um esquema político-militar, feito sob a máscara de
atender a conveniência do Exército. Os generais Figueiredo e Walter Pires nada me falaram sobre
este assunto, o que foi lastimável, particularmente, em relação ao general Pires, que se dizia, desde
tenente, meu amigo, e que usufruiu bastante desta amizade durante todo o tempo em que fui ministro.
Reconheço, contudo, que outros interesses, mais promissores, o ligavam ao então Chefe do SNI.
A política, ou melhor, a politicagem, com todas as mazelas, levada pelas mãos das próprias
autoridades, continuava a ameaçar o Exército. Os processos e artimanhas usados para isso oscilavam
do severo ao jocoso. Os critérios variavam para casos idênticos e neles eram facilmente notados
motivos pessoais e políticos. Eu, que jamais tolerei a política partidária no Exército, que nunca
dirigi aos meus comandados uma palavra sequer sobre assuntos desta espécie, via, com tristeza, o
mais elevado mandatário de nossa Nação esgrimir com argumentos bem frágeis para provar a
coerência militar da movimentação dos generais.
O presidente Geisel, é preciso que se diga, temendo um choque com o Ministro do Exército, a