IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

sob a mais eufêmica forma possível, e o meu Chefe-de-Gabinete, general Bento, de dar a Adirson de
Barros todas as explicações possíveis.


Não aceitava, todavia, a decisão, por julgá-la fruto de precipitações do SNI. Telefonei ao
general Hugo Abreu e solicitei-lhe falasse diretamente ao presidente que o jornalista fora proposto
por mim e que nada existia no CIE em seu desabono. Classificava de grave desconsideração o que se
estava fazendo, não só ao jornalista como ao ministro. Pedia, portanto, ao general Geisel que
incluísse o seu nome na Ordem do Mérito.


Dávamo-nos muito bem, eu e o general Hugo, como já frisei algures, por isso tenho a certeza de
dever aos seus interesse e persistência junto ao presidente a restrição desfeita e a condecoração do
jornalista a 25 de agosto de 1976.


Este fato dá uma rápida idéia do difícil trabalho em ambientes onde as informações, moldadas
em interesses pessoais, levianas e despudoradas, influem nas decisões dos chefes. Neles a
desconfiança e as prevenções borbulham nas relações entre superiores e subordinados. Nem o
presidente tinha o direito de desconfiar de seu ministro, eliminando um candidato seu sem ouvi-lo,
nem o seu ministro podia confiar integralmente num chefe que tacitamente o julgava displicente,
colocando na maior Ordem do Exército um cidadão sem investigar sua conduta. A repulsa é maior
quando se reconhece que tudo isto, muitas vezes, é feito na base de informes extorquidos por
beleguins.


Não sei das versões que chegaram ao jornalista, partidas do Planalto, mas acredito não tenham
fugido aos eternos e convenientes sofismas.


A MATRÍCULA NA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA


O coronel Francisco Homem de Carvalho serviu sob minhas ordens quando eu comandava o I
Exército. Oficial trabalhador e inteligente, comandou com acerto e habilidade uma tropa de elite, o 1
Batalhão de Polícia do Exército.


Atravessamos fase difícil, em período de turbulência subversiva, tendo a sua unidade, a par de
excelentes serviços, conservado-se dentro da mais rígida e sadia disciplina. Em 1976, achava-se
classificado no Estado-Maior do 1 Exército, já sob o comando do general Reynaldo Mello de
Almeida.


Em fins desse ano, pretendendo realizar o Curso Superior de Guerra, solicitou de seu
comandante de Exército que o indicasse para concorrer às vagas concedidas à Força pelo Estado-
Maior das Forças Armadas.


Infelizmente, apesar de atender às exigências, não foi, em virtude do critério fixado, incluído na
relação de matrículas. Posteriormente, em conseqüência de um acréscimo de vagas, encaminhou o

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