ealengo, uma longínqua localidade dos subúrbios do Rio de Janeiro foi, em 1911, a região
escolhida pelo Governo Federal para sede do estabelecimento de ensino castrense que passaria à
História como a Escola Militar do Realengo.
Substituindo a famosa Escola da Praia Vermelha, dos imperiais tempos, cujas orientações
didáticas, a par de ensinamentos técnicos, assentavase predominantemente no trato e divagações
sobre as aristotélicas ciências teóricas, formando, assim, antes cidadãos-soldados do que rígidos
soldados profissionais, a nova Escola surgia como a vanguardeira de uma mentalidade
essencialmente técnica, visando a formar militares disciplinados e capazes, cônscios de seus deveres
para com a Nação.
As gerações que a cursaram nasceram republicanas. Vinham vibrantes do sentimento liberal-
democrático que estrugira da queda do Império e traziam a consciência dos difíceis problemas da
classe média à qual, em massa, pertenciam. As lides da caserna robusteceram-lhes o físico e a
pregação cívica moldou-lhes as qualidades em virtudes militares.
A vida escolar em comum gerou a fraternidade e o amor à carreira o espírito de classe,
estimulados e fortalecidos por belicosos brios.
A mocidade que ali acorreu, estuante de força e entusiasmo, em busca de uma bandeira por que
lutar, recebeu do Exército, mais do que isto - a mística da grandeza da Pátria - sempre lembrada na
presença constante do auriverde pavilhão.
A epopéia dos Dezoito do Forte deu a esse idealismo os matizes romanescos que, empolgando e
sensibilizando a Nação, consolidaram-no nas hostes militares.
A avançada do heróico grupo pela praia de Copacabana até o sacrifício, tendo à frente um dos
mais puros idealistas de todas as revoluções brasileiras, tenente Antonio Siqueira Campos - o Titã
Redivivo - no feliz definir de brilhante poetisa da época,' mostrou que os homens superiores lutam e
morrem por seus ideais, na defesa dos valores morais que adotam e com asco das teses materialistas
que repelem.
Esta mensagem foi entendida pela juventude militar, que assinalou no exemplo os rumos a seguir.
Em março de 1928, quando transpus os portões do hoje vetusto casarão do Realengo para sagrar-
me soldado - o que fui por toda a vida -, o idealismo era o pensamento militar dominante nos quartéis