e servir à Pátria a sua idéia-força.
Encetei ali a longa caminhada de meio século pelos domínios do Exército, perlustrando estradas
de penoso trânsito, rompendo nevoeiros de adversidades e usufruindo da euforia de radiosos dias -
fases normais em todas as profissões - convencido, conscientemente, de que as nossas gerações, as
daqueles tempos, estavam fadadas ao engrandecimento do Brasil.
Em Realengo as atividades escolares transcorriam em intenso e acelerado ritmo, do toque de
alvorada ao de silêncio. O regulamento que as regia, rigorosíssimo, era aplicado com severidade,
porém, com justiça. Neste ambiente de aulas e exercícios militares labutávamos nós os cadetes no afã
de nosso preparo profissional, quando em outubro de 1930 começaram a chegar as primeiras notícias
anunciadoras da Revolução.
Os cadetes, desde os primeiros momentos, entusiasmaram-se com o movimento revolucionário.
As legiões, que marchavam do Norte e do Sul, traziam bem aceso o facho de 1922. Ressurgia o
espírito idealista de Siqueira Campos a galvanizar todos aqueles que ambicionavam melhores
destinos para a Nação brasileira.
Nesta expectativa, nervos tensos na insegurança do desconhecido, na manhã de 24 de outubro
sobrevoou Realengo um avião militar, panejando ao vento uma flâmula vermelha. Lançou boletins
revolucionários em nossos pátios internos, anunciando ter a Vila Militar aderido à Revolução.
Foi recebido com estridentes aplausos - a Escola Militar do Realengo rebelara-se.
A Revolução de 1930 era esperada com ansiedade, visto que trazia em seu bojo promessas de
reformas sociais e políticas capazes de emancipar o povo das pressões oligárquicas que o
asfixiavam. A causa que se fizera santa, ungida com o sangue vertido nas areias de Copacabana, não
morrera; tornara-se no imanente ideal de todos os brasileiros patriotas. Era a causa do Povo e, por
isso, também a do Exército.
Prossegui normalmente no meu curso. Em 1931, ingressei, por escolha, na Cavalaria, a grande
Arma dos espaços vazios, vanguardeira dos exércitos vitoriosos. Em dezembro de 1932, fui
declarado aspirante a oficial.
Nos dois últimos anos de Realengo, três acontecimentos merecem realce, na seleção que adotei.
Ocorreram em ocasiões distintas e lugares diferentes; suas causas aparentes foram
dessemelhantes, entretanto, em todos três a solidariedade castrense, o espírito de classe -
demonstrando a unidade do pensamento - fizeram-se sentir de irrefutável maneira.
Descreve-los-ei em síntese, porquanto o que desejo ressaltar é a incrustação desses sentimentos
na personalidade do militar e não as minúcias dos eventos.
Ao término do ano letivo de 1931, ou talvez no início do seguinte - não consegui precisar -, um