prática, instigado e comandado por aquele.
Entre os elementos citados como marxistas havia um que trabalhava em alto nível, relacionando-
se a espião soviético, entretanto não era menos nocivo ao regime democrático do que um funcionário
do Banco do Brasil, de baixo nível hierárquico, que espoliou essa organização de vários milhões de
cruzeiros para entregá-los ao Partido Comunista.
Finalmente, é preciso que apaixonados críticos não se esqueçam que as fábricas francesas,
durante a insurreição de 1871, foram danificadas por modestos operários, colocando seus tamancos -
sabots - nas máquinas. A sabotagem, como ficou conhecido este ato de violência, não contou - pelo
que narra a História - com nenhum dos chefes da Comuna de Paris.
Em junho de 1977, deveria ir à cidade de Curitiba a fim de inspecionar a guarnição militar. Ali
servira, como tenente e capitão, por três anos e meio, e guardara daquela época gratas recordações.
Sendo das poucas guarnições do Exército que ainda não visitara, decidi fazê-lo no início daquele
mês.
Os primeiros meses do ano marcaram a intensificação das atividades subversivas.
Dom Geraldo Sigaud - arcebispo de Diamantina - denuncia a infiltração comunista no clero
nacional. Um dos denunciados, d. Pedro Casaldáliga - bispo de São Félix -, que se declarara
marxista ao escrever, em um de seus livros,3 que a vida à luz da Fé e o contato com os oprimidos
"me levaram à compreensão da dialética marxista e a uma metanóia política total'; ataca chefes
militares perante a Comissão Parlamentar de Inquérito, acusando-os de favorecimento a poderosa
companhia de desenvolvimento em prejuízo de peões e posseiros.
O Ministério do Exército, alicerçado nos fatos, imediatamente repele e esboroa as cínicas
calúnias.
No setor político, o deputado Marcos Tito lê, no plenário da Câmara, o "Manifesto à Nação",
documento do PCB publicado pelo jornal clandestino Voz Operária.
O movimento estudantil, com suas ações coordenadas em nível nacional, auxiliado pelos
marxistas, empenha-se no preparo do III Encontro Nacional de Estudantes que pretende realizar, em 4
de junho, no estado de São Paulo ou no de Minas Gerais. Em fins de maio as agitações estudantis
tomam vulto e agressividade.
Este panorama de turbulência generalizada preocupa o governo, no momento em que aguarda a
visita oficial da esposa do presidente dos Estados Unidos.
No dia 31 de maio, uma terça-feira, fui ao despacho normal com o presidente, que se mostrava
bastante aborrecido com os acontecimentos, porquanto admitia estivessem sendo provocados por
agitadores, visando a perturbar a recepção da sra. Rosalynn Carter.