Análise e Dados Estatísticos (SEADE) por não interessar especificamente ao assunto tratado. Feito o
corte, a relação foi enviada ao SNI.
Entretanto, o documento primitivo ficou arquivado no CIE, contendo as informações sobre o
SEADE.
Quem o teria dado à imprensa e com que finalidade o teria feito?
Especulemos sobre a questão.
O SNI não possuía o documento difundido, logo não poderia entregá-lo à imprensa. O único
exemplar existente encontrava-se, quando eu era ministro, arquivado no CIE.
Acredito que o documento tenha sido cedido pelo CIE, visto que se o SNI o tivesse entregue
seria cópia do que recebeu, sem a parte relativa ao SEADE, e não um documento completo.
A forma por que foi cedido é de interesse secundário, o importante é ter saído do CIE, único,
repito, que o possuía.
Com que objetivo teria sido dado o documento à imprensa?
Afasto a hipótese de corrupção, embora em São Paulo tenham corrido boatos de que órgãos de
imprensa pagariam cinco milhões de cruzeiros por sua posse. Esta suposição é inadmissível, em se
tratando de um órgão militar.
Restam, então, duas conjeturas que podem coexistir: a insinuação de que eu o tenha divulgado,
incidindo em preceitos legais, ou o propósito de prestigiar o governo pela tolerância com que
encarava estas manifestações radicais, ao mesmo tempo que, revelando nomes, criava uma legião de
inimigos para o denunciante.
A publicação movimentou os esquerdistas da imprensa, que acorreram às suas colunas, célere e
irritadamente, tentando desmoralizar a denúncia pelo ridículo e sensibilizar o público, induzindo-o a
ter comiseração dos modestos funcionários acusados.
Era a fé púnica dos comparsas dos falsos democratas, que os marxistas justificam como
necessária à solidariedade recíproca. Os comunistas, despidos de preconceitos e escrúpulos que
dizem burgueses, só vêem os interesses de seu partido, enquanto os democratas, alardeadores de
nobres princípios, só vêem seus interesses pessoais e, assim, assistem passivamente à destruição de
nossos valores morais.
Não há que distinguir entre o alto e o modesto funcionário quando se trata de argüí-los de
comunistas, porque ambos são perniciosos à democracia. Se o primeiro age mais em campo teórico,
usando sutilezas de argumentação para catequizar e conquistar prosélitos, ligando-se aos dirigentes
do partido para colher e difundir orientação, o último atua, predominantemente, na área da realização