obstante, afirmava-se que os dois generais-de-divisão foram os próprios difusores da informação,
violando deste modo o sigilo recomendado. Esta versão foi mais tarde confirmada.
Qual o objetivo deste procedimento?
Despertar a comiseração dos generais do Alto Comando? Criar uma pressão de bastidores para
alterar o propósito presidencial? Ou, ainda, provocar um confronto entre o Alto Comando e o
presidente?
Essas especulações e muitas outras eram passíveis de aceitação, todavia, a julgar pelas reuniões
e ligações dos futuros preteridos com os generais-de-exército, fomentava-se uma crise que lançasse o
Alto Comando contra o presidente.
A questão fervilhou e duas correntes de opinião surgiram, como sói acontecer nessas ocasiões,
intransigentes. Segundo uns, o presidente estava interferindo nas decisões do Alto Comando, que
deveria reagir, colocando os dois generais na cabeça da lista de escolha; segundo outros, os dois
generais nada mereciam, porque tinham tomado atitudes pouco recomendáveis.
Constantemente informado, acompanhei a tentativa de transformar o Alto Comando num
instrumento de contestação ao presidente, manobra que eu não permitiria, de modo nenhum. Tais
maquinações poderiam conduzir a uma ruptura de hierarquia cujos desdobramentos seriam
imprevisíveis.
Palestrei com os membros do Alto Comando, separadamente.
Dissequei-lhes o problema, desde a sua gênese, mostrando-lhes a exploração que se processava
em torno do caso. Os generais que foram informados da preterição agiram de maneira incorreta,
portanto não eram mais dignos de consideração. Se outra tivesse sido sua conduta, ao Alto Comando
caberia a simples tarefa de classificá-los, segundo seus méritos. Patente, agora, o demérito, opinava
que deveriam ser colocados nos dois últimos lugares daquela lista.
Realizada a reunião do Alto Comando, em julho, foi adotada esta solução e o resultado
prestigiou a decisão do presidente.
Em fins daquele mês, encontrando-se o presidente no Rio de janeiro, em virtude do estado de
saúde de sua filha, vim a esta cidade para despachos normais.
O general Geisel acompanhara com atenção a evolução dos acontecimentos; estava satisfeito e
interessou-se por particularidades da reunião.
Nesta oportunidade, recordei-me do diálogo com o general Ariel e decidi esclarecer a
informação que dele colhera. Dirigi-me ao presidente, indagando:
- O senhor recorda-se quando me disse que o general Ariel iria criar-me problemas se