A obediência da antigüidade excluiria do acesso os generais Darcy e Milton Pedro, solução que
eliminaria este último, visto que seria alcançado pela compulsória em janeiro de 1977. Em
compensação, o general Darcy sairia beneficiado, porque passaria a ser o número um dos generais-
de-brigada.
Não obstante tudo que foi dito, convinha não menosprezar o conceito do presidente sobre o
general Milton Pedro.
Desse cipoal de interesses, pretensões, suscetibilidades e intenções inconfessáveis dificilmente
surgiria um critério justo. Apelou-se para o da antigüidade, por coincidência o mais conveniente. As
promoções de novembro de 1976, segundo informações que me foram trazidas, desgostaram os
assessores do presidente, de um dos quais foi ouvida a frase: "Ou o general Geisel tira o general
Frota do Ministério ou ele acabará sentado em sua cadeira." Esta expressão, dita por Humberto
Barreto ao brigadeiro Délio Jardim de Mattos, foi ouvida pelo ex-senador, meu amigo, Vitorino
Freire.
Constituía esta manifestação uma evidente prova do descontentamento pela decisão presidencial.
Frustrados com a promoção do general Carlos Alberto Cabral Ribeiro - o candidato dos
auxiliares do presidente, ao que tudo indicava e como ficou demonstrado em março de 1977, era o
general Arnaldo José Luiz Calderari-, que lhes impedia de aproveitar, em cheio, as vantagens da
nova lei, abrindo de uma só vez três claros no acesso a general-de-exército, voltaram-se os
partidários das "promoções rápidas" contra o ministro e criticaram o presidente por não o ter
contrariado.
As promoções de coronéis a general-de-brigada serviam para índice de prestígio de chefes
militares, que procuravam agir no sentido de promover seus auxiliares ou amigos. Os membros do
Alto Comando esforçavam-se por alicerçar no mérito militar a organização das listas de escolha, no
entanto, em última análise, os condicionantes que prevaleciam na Presidência eram os de simpatia,
amizade ou afinidades políticas.
O fator "revolucionário de 1964" tornara-se, com o tempo, depreciativo, quando não atendia a
estas exigências. Recebia, então, o oficial o apodo de "radical , muito ao gosto dos esquerdistas do
Planalto. Paradoxalmente, outros oficiais eram rejeitados pelo presidente por não os reputar
revolucionários.
Estas maliciosas fórmulas de julgamento permitiam manipular as promoções em torno dos
interesses pessoais dos governantes. Circunstancialmente, e a duras penas, muitos escaparam desta
triagem, contudo homens de imenso valor moral e profissional foram sacrificados ou levados pela
dignidade à reserva. A veracidade dessas considerações aflora da simples leitura do nosso
Almanaque.
O ano de 1976 fora fértil em promoções, embora os ambiciosos não ficassem plenamente