primeiros contatos soube Costa Cavalcanti que o coronel Mario David Andreazza desejava com
urgência comunicar-se com ele. Obtida esta nova ligação ouviu Tavares, parcialmente, o seguinte
diálogo, que tentou reproduzir:
É o Andreazza? Aqui é o Costa Cavalcanti...
(O coronel Andreazza falou por algum tempo.)
- Neste caso, é preciso botar os tanques na rua antes que eles os ponham...
(Novamente falou o coronel.)
- É melhor você vir logo a Brasília para resolvermos isso. Você toma um avião, aí no Rio, e vem
sem perda de tempo...
Encerraram a intercomunicação e o general voltou a palestrar com Tavares, sem nenhum
esclarecimento, ou mesmo alusão, ao assunto tratado telefonicamente.
Preocupadíssimo com o que ouvira, já que considerava muito grave a afirmação de que iam
colocar "os tanques na rua"; referência inequívoca a uma rebelião, decidiu Tavares cometer a
indiscrição de avisar o seu amigo Lula.
Este fato dá uma medida das intrigas que, engendradas pelo grupo palaciano - como o afirma o
general Hugo Abreu em seu livro -, estendiam-se a diferentes setores, criando um estado de espírito
favorável a qualquer ação de força do governo. Esta seria vista, ao clamor da propaganda mentirosa
que fariam os homens do Planalto, "donos das comunicações", como um revide ou uma medida
preventiva para a preservação da democracia, confundida com o poder de um grupelho.
Um mês depois desse acontecimento, o presidente Geisel exonerava o Ministro do Exército, sob
uma alegação que poderia ser considerada pueril se não fosse cavilosa. Espalhou-se, a partir deste
momento, a calúnia que eu estava preparando um golpe para depor o presidente. Os jornais e revistas
que difundiam a infâmia recebiam notícias do próprio palácio do Planalto, que aparece, assim, como
a provável fonte de todas as infâmias que visavam ao Ministro do Exército. Não acredito, apesar da
irresponsabilidade demonstrada por muitos jornalistas, que estes tivessem a coragem de divulgar de
moto próprio certas versões do evento. Receberam-nas empacotadas e como confiavam nos
informantes publicaramnas, desinformando, quando deveriam informar corretamente. Fatos como o
que narrei evidenciam bem a preparação psicológica que os interessados na sucessão presidencial
desenvolviam.
A URNA DO CORREIO BRAZILIENSE
Partidários do general Figueiredo, seguros da tolerância do presidente, não hesitavam em lançar mão
dos mais diferentes processos para dar publicidade ao seu candidato. Muitos eram homens