IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

stagiei no Ceará-1O Região Militar -, terra de meus ancestrais, sob o comando do meu
brilhante e saudoso amigo general Octávio da Silva Paranhos. Retornei ao Rio de janeiro, no início
de 1949, para servir no antigo Centro de Aperfeiçoamento e Especialização de Realengo, de onde me
tirou, antes do fim daquele ano, o general Paranhos para integrar a Subchefia de Planejamento do
Estado-Maior do Exército. Eram ali os trabalhos mui absorventes e de intraduzível responsabilidade.


Uma corrente de esquerdismo infestou o Exército naqueles anos. Envernizada de nacionalismo,
espraiou suas vagas sobre o Clube Militar, tribuna tradicional e livre das idéias liberais. Homens
bem-intencionados, porém ingênuos, concorreram para esmaecer as cores vermelhas do marxismo
que a caracterizavam. O nosso Clube transformou-se em palco dos debates acirrados sobre assuntos
de interesse político-ideológico. A campanha da nacionalização das jazidas de petróleo, mais
conhecida sob o rótulo de "O petróleo é nosso", teve ali seus momentos de maior excitação e
histerismo.


Era evidente, mesmo para o observador mais bronco, que os comunistas, infiltrados nesse grupo
de liderança "nacionalista", tinham habilmente escolhido o caminho certo para contaminar o
Exército. Disporiam de local seguro para suas reuniões e, como fonte de propagação de suas idéias,
usariam a revista do Clube, valioso meio difusor, de penetração assegurada em todas as unidades
militares das três Forças.


Enegrecendo esse horizonte de ameaça comunista, assume a presidência do Clube Militar, em
maio de 1950, o general-de-divisão Newton Estilac Leal, militar de triste memória, quer por suas
idéias, quer por seu comportamento.


Tido como adepto das teses marxistas, reuniu em sua diretoria a fina flor da esquerda ideológica
militar.


Os resultados não se fizeram esperar. A Revista do Clube Militar, de julho de 1950,1 publicou,
sob o título "Considerações sobre a Guerra da Coréia'; um artigo do major Humberto Freire de
Andrade cujos conceitos não podiam ser aceitos por brasileiros democratas e muito menos por
oficiais do Exército, coerentes com a nossa política internacional.


Uma chuva de centenas de protestos caiu sobre o presidente do Clube, numa reação espontânea
contra o abuso e a irresponsabilidade da redação da revista, usando-a para divulgar artigos
atentatórios aos nossos princípios, compromissos e filosofia de vida.

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