IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

muito ao grupelho do Planalto, sem dúvidas já em adiantada manipulação da Farsa de Outubro.


Nenhum militar aviltar-se-ia, chamando um homem que tripudiara sobre a nossa dignidade,
recebera de um país comunista auxílios financeiro e técnico para destruir a ordem revolucionária e
cujos arrebatamentos - mais histéricos do que corajosos - são bem descritos pelo meu saudoso ex-
colega de turma na Escola de Estado-Maior do Exército, general-de-divisão Carlos Luiz Guedes, no
seu livro Tinha que ser Minas, páginas 132 e 145:


Brizola decidiu enfrentar-nos, dispondo-se a realizar um comício em plena Belo Horizonte. Ao
tomar o avião da FAB, com sua numerosa comitiva, a que não faltavam, como de costume,
sargentos do Corpo de Fuzileiros Navais a mando de Aragão, dissera: "Vou quebrar a castanha
dos mineiros." Entretanto, fugindo apavorado, corrido, desmoralizado, sem realizar o que
projetara, sua opinião se modificou, exprimindo-se nestas palavras: "A coisa lá está preta."

Neusa Goulart Brizola, aparentemente, atendera ao apelo da progenitora do deputado José
Aparecido, permanecendo em casa dela, a uns 500 metros do local onde o comício iria ser
realizado. Entretanto, alguns minutos após a saída de Brizola, saiu também e nada a demoveu. Na
praça Raul Soares, enfrentara o povo gritando: "Vim matar a fome de vocês; ainda voltarei como
rainha e terão que beijar-me os pés." Fora mesmo indispensável sua proteção pela polícia. Em
Belo Horizonte se comentou que ela era mais "homem" que o marido.

Quanto a Brizola, ao chegar ao local do comício, cercado de seus guarda-costas e
correligionários, nem conseguiu penetrar no edifício da Secretaria de Saúde. Seus
acompanhantes, trazendo maletas de material plástico contendo armas que nem sequer tentavam
dissimular e que foram logo apreendidas, nada ousaram fazer. Brizola ainda tentou falar em um
microfone ligado num gravador, para simular havê-lo feito como pretendera, mas, sentindo cada
vez mais iminente uma agressão, se deslocara até o meio da rua, sempre protegido. Depois,
ameaçando com seu revólver o proprietário de um carro que por ali tentava passar, obrigara-o a
seguir para o aeroporto, levando-o e a seus seguidores.

Quanto ao Ministro do Exército, embora se tenha oposto frontalmente à vinda do político
cassado para o Brasil, por julgá-la perniciosa à ordem e insultuosa a seus colegas, não podia levar a
sério as histrionices de um homem a quem o marechal José Machado Lopes - meu preclaro professor
na Escola Militar do Realengo - com precisão, assim define, na página 88 do seu livro O 111
Exército na crise da renúncia de Jânio Quadros:


Admirador de Fidel Castro, procurava imitá-lo nos gestos e atitudes. Era grotesco vêlo, no auge
da crise, com uma metralhadora portátil numa das mãos e a Constituição na outra.

Sem levar em conta que, no Brasil, cabem muitas dezenas de Cubas e que o seu sistema
orográfico não possui uma só Sierra Maestra, imaginava repetir aqui o que lá fizera Fidel, na
esperança de poder cubanizar o Brasil.

Em sua ambição desmedida aspirou, certa ocasião, a ser Ministro da Fazenda e encheu o
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