IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1
(Referia-se aos generais-de-divisão Florimar Campello e Jayme Portella.)

Posteriormente, interpelei o general Jayme Portella sobre esta afirmação de Campello e pedi-lhe
explicações. Negou, de imediato, e fez questão de informar-me, dias depois, ter procurado Campello,
que desmentiu a denúncia.


O general Milton não é um leviano nem homem de gerar calúnias, por isso disse o que devia ter
ouvido de pessoa credenciada, provavelmente do SNI. O general Campello tem bom passado
revolucionário, não acredito tenha desembaraço para alcagüete, enfim... as tentações do poder,
representado em estrelas, são muitas. Todavia a ilação é inevitável - ou foi Campello ou o boato
partiu do SNI - com a irresponsabilidade demonstrada por muitos de seus membros na manipulação
das infames informações dirigidas.


Voltando às confidências dos dois generais - Milton e Fiuza -, manifestou o primeiro seu
desagrado pelo que chamou "Manifesto do Frota", do seu ponto de vista uma peça que fizera muito
mal à Revolução. Admitiu que eu estava de "cabeça quente" e precisaria ter tido, junto a mim, um
elemento equilibrado. Abordou, então, o Fiuza com a pergunta:


-Você sabia do Manifesto?


  • Não sabia; no entanto, se soubesse não conseguiria modificá-lo... Você conhece o general Frota
    e sabe como seria difícil... abalar suas convicções...10


CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCEDIMENTO DO GENERAL ARGUS LIMA


Desejo, antes de encerrar este capítulo, tecer algumas considerações sobre o procedimento do
general Argus Lima.


Éramos amigos de muitos anos, apreciava seu entusiasmo pelo Exército e sua dedicação à
família. Admirei seu comovente desvelo no tratamento de seu pai - general Felício Lima-, dedicação
filial ímpar que me obrigou, a seu pedido, a enviarlhe, diariamente, para Bagé, onde comandava a 3á
Divisão de Cavalaria, notícias da saúde do ilustre ancião. Tinha-o como um idealista, porquanto,
revolucionário de primeiras hora e ordem, não se conspurcara nos males morais de uma Revolução
traída, mantendo a fé nos destinos do Brasil, não obstante as deformações dos objetivos de março de
1964.


Sou capaz de jurar que não participou da ignóbil confabulação, porque se alguma coisa,
antecipadamente, soubesse, ter-me-ia comunicado.


Por que, então, insubordinou-se e não foi à reunião do Alto Comando, em que eu pretendia
esclarecer as razões da atitude tomada?


Poderia apresentar-se e, depois, de acordo com sua sensibilidade, ir lançar-se nos braços do
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