IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

subordinação direta do tenente-coronel Jarbas Passarinho, então superintendente da Petrobras, em
Belém, com o agravante de encontrarem-se ambos em serviço ativo.


A imputação sobre o Clube Militar já foi exaustivamente tratada em parte anterior; não há, pois,
razões para abordá-la novamente.


Custo a acreditar que o general José Pinto tenha feito essas acusações, contudo, se as fez não há,
na escala da degradação moral, que vai do embusteiro ao grande canalha, conceito suficiente para
defini-lo, pois acompanhou, como interessado, todas as fases da marcha da solicitação do
empréstimo, que dirigiu ao ministro no oficio de 20 de maio de 1976, até o despacho presidencial.



  • O Comandante do IV Exército deixou Brasília no dia 13, tendo marcado antecipadamente uma
    reunião com seus generais às onze horas daquele dia, em sua residência, na cidade do Recife. O que
    lhes disse não transpirou, no entanto, pela lógica, deve ter repetido as acusações lançadas pelo
    presidente contra o general Sylvio Frota.


O comandante da 6á Região Militar, oficial de sua área de comando, meu particular e sincero
amigo general Adyr Fiuza de Castro, em virtude de dificuldade de transporte, chegou atrasado para o
encontro. Conversou, por esta razão, a sós com o general Argus Lima. Mostrou-se Argus
profundamente emocionado com os últimos acontecimentos, porém convencido de que tinha
procedido certo, na atitude que tomara. Não pôde esconder a mágoa das palavras ásperas e
injuriosas que ouvira de seu amigo Frota.


Em dado momento, sob grande emoção, usou Argus a expressão:


  • Estou com o coração sangrando... Mas entre o Frota e a Pátria não tinha outra solução.


A CONVERSA DOS GENERAIS MILTON E FIUZA


Ao término desta conversa e, creio, depois de os generais almoçarem, foi Fiuza de Castro convidado
por seu colega general-de-divisão Milton Tavares de Souza, Comandante da 1O Região Militar, para
um discreto passeio pelos jardins da mansão. Ali, os dois sozinhos especularam sobre os recentes
fatos. Disse Milton que estava surpreendido com as imputações que me faziam, pois nunca soubera
de algo que as justificasse. Citou a circunstância de ter palestrado normalmente com os generais
Bento e Campos, dos quais era amigo, e estes jamais lhe terem tocado em tais assuntos. Perguntou ao
Fiuza se ele conhecia algo a respeito, recebendo resposta negativa. Prosseguiu o general Milton em
suas especulações, confessando-se intrigado, porquanto nenhum dos amigos do general Frota sabia
de qualquer articulação, cuja exeqüibilidade dependeria, logicamente, da cooperação deles. Em
certo instante, levantando uma ponta do véu que encobria o conluio, exclamou:



  • Foi o Campello que deu o "serviço" ao SNI. Contou que o Portella convidara-o para tramar
    contra o governo, a favor do Frota...

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