IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

do Ministro do Exército? quais as razões para agir dessa maneira? se não fora expedido o primeiro
telex pelo meu gabinete, qual o provável ou possível expedidor? e muitas outras indagações,
algumas, como sempre, frutos de ânsia de informar algo irreverente.


Atendia-os, quando podia, mas evitava tratar de assunto tão grave quão delicado. Entretanto, a
um deles - meu amigo e jornalista paulista - disse desconhecer qualquer documento daquela espécie
e coloquei dúvidas sobre a sua legitimidade. O jornal Folha de S. Paulo de 9 de maio de 1978,
página 6, dá a síntese dessa conversa telefônica.


Anistiado pelo atual governo, o ex-almirante Cândido Aragão, segundo a imprensa, ao chegar ao
Brasil aludiu a essa tentativa de assassínio. Nessa ocasião pessoas conhecidas perguntaram-me sobre
os telex e a autenticidade dos mesmos. Esvoaçam, sobre esse acontecimento, dúvidas e insinuações
que precisam ser de vidamente esclarecidas e afastadas, visto que os fatos continuam, ainda,
nebulosos para muitos dos nossos contemporâneos.


A questão dos telex é, portanto, para mim e todos os oficiais que integram o meu gabinete, de
importância vital. Ela teria sido rápida e facilmente elucidada se o Ministro do Exército em maio de
1978, general-de-exército Fernando Belfort Bethlem, quisesse ou pudesse fazê-lo. Quando digo
pudesse não me refiro a possibilidades físicas, porém moral-funcionais. É provável que não
houvesse, também, interesse em esclarecer uma acusação que atingia um ministro demitido pelo
presidente Geisel, por dissidência com a política do governo.


Os telex, insisto na observação, não citam nominalmente o gabinete do ministro, no entanto os
comentários fazem-no, argüindo-o, conseqüentemente, de autor ou partícipe no crime.


Considerando que o número - 611145 - correspondia precisamente ao do telex do meu gabinete,
teria sido, realmente, o documento elaborado e transmitido pelo Exército? Seria falsificado?
Clandestino? Ou servira o Exército apenas de intermediário na emissão?


O esclarecimento destas perguntas impunha-se, por basilar ao enigmático problema.

Era e talvez seja, ainda, facílimo respondê-las. Uma verificação dos registros dos documentos
expedidos e recebidos - obrigatórios em todos os setores de comunicações - sanaria as persistentes
dúvidas e insinuações.


Se, em 23 de setembro de 1975, lá estivesse anotada a expedição do discutido telex, não haveria
mais incertezas; o Exército era responsável por esse ato. Nesta circunstância era preciso saber se
fora elaborado no próprio Exército e em que setor, ou decorrera a transmissão a pedido de outro alto
órgão da República. Esta consideração, embora possa parecer disparatada, não o é, pois usa-se essa
cooperação, mesmo em situações normais, com razoável freqüência, quando necessário. Não sendo
absurda deveria ser cuidadosamente apreciada no exame do problema.


Julgo que o CIE, elo na cadeia de informações, possa ter desempenhado a função de "ponte" em
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