Casa Militar, e ainda pela cerrada vigilância exercida sobre o ex-almirante Aragão, que
perambulava pelo norte da América do Sul, havia anos, à procura de bases para atuar contra o
governo brasileiro, os marxistas e elementos cassados resolveram difundir com alarde os
documentos em seu poder.
Entretanto, o SNI, tendo colhido informações do iminente derrame desta documentação,
antecipou-se em divulgar uma notícia sobre documentos forjicados, visando a neutralizar e, se
possível, a anular repercussões, em particular nos meios militar e político.
A direção do jornal O Globo, cooperando com o governo, incluiu na sua edição de domingo 7 de
maio, uma folha solta, cuja página 15, com exceção de um anúncio comercial na parte inferior,
tratava exclusivamente e com grande destaque desta falsificação e a página 16, afora três ou quatro
pequenas notícias de relativa importância, estava também coberta de anúncios. Isto, no julgar dos
propaladores desta versão, mostrava os açodamento e imprevisto daquela publicação.
- A segunda versão teve livre curso na imprensa e considerava a distribuição dos documentos
forjados como uma trama conspiratória da Central IntelligencyAgency (CIA), pretendendo
desacreditar o regime político brasileiro e substituí-lo por outro mais próximo dos interesses norte-
americanos. Falava em ligações do chefe supremo da CIA, que dizia ser o almirante Tamer, com o
governo da Alemanha Ocidental, ao qual mostrara documentos falsificados que objetivavam provar a
instabilidade do nosso governo e sugerir, por isso, a suspensão do Acordo Nuclear.
Insistia em afirmar que a CIA apontara aos alemães, através de documentação que preparara,
ligações do SNI com o Serviço Secreto Chileno - DINA - para execução de seqüestros e assassínios
políticos no exterior. Esta intriga intentava apresentarnos como imaturos e irresponsáveis.
Apesar de considerar as conversações do almirante Tamer, em Bonn, de caráter rigorosamente
secreto, o jornal, que publicou esta explicação dos fatos, assegurava que as minúcias desse encontro
eram verdadeiras. É provável que se tenha louvado, como declarou, nas altas fontes de Brasília,
porquanto era impossível obtê-las de outra maneira.
Em síntese, essa versão do caso ex-almirante Aragão lançava sobre a CIA a responsabilidade de
falsificação de documentos, difundidos com o propósito de desprestigiar o governo brasileiro e
comprometer a candidatura do general Figueiredo à Presidência da República.
Foram essas duas as explicações ventiladas cautelosamente entre militares, congressistas e
jornalistas, em face do silêncio oficial sobre os supostos telex ordenando o assassínio do ex-
almirante Aragão.
São ambas algo fantasiosas, como sói acontecer quando a imaginação esforça-se por esclarecer
fatos apenas superficialmente conhecidos. A primeira parece nascida de especulações oposicionistas
ou reacionárias, enquanto a segunda afigura-se de geração oficiosa.