ançada a minha proclamação, destinada aos meus comandados, começaram, com surpresa, a
chegar vibrantes manifestações de solidariedade à minha atitude e de aplausos às idéias e princípios
contidos no documento.
Cartas e telegramas, escapados da rigorosa censura que o governo Geisel exerceu sobre a minha
correspondência, chegaram-me às mãos. Guardei-os com emoção, pois traduziam a identidade de
pensamento de meus compatriotas com tudo aquilo que expendera publicamente. Excederam a 400.
O Departamento de Correios e Telégrafos, naturalmente executando determinação do ministro
Euclides Quandt de Oliveira, um oficial da Marinha, foi incansável nesse indigno cerceamento do
que me escreviam. Oficiais, em São Paulo, tiveram que exigir dos chefes de agências dos Correios
que transmitissem suas mensagens, visto que funcionários subalternos recusavam-se a fazê-lo em face
da recomendação de "nada se transmitir para o general Sylvio Frota".
Pessoas ilustres, entre as quais desejo realçar o meu amigo, já falecido, Salvio Pacheco de
Almeida Prado, insigne brasileiro sempre preocupado com os destinos da Pátria; ministros dos altos
tribunais de justiça do país; velhos chefes - daqueles que têm ainda vivo o espírito de classe, hoje
agonizante; e cidadãos que não conhecia, em maioria pertencentes às profissões liberais,
procuraram-me, em minha residência, para aplaudir meu comportamento denunciando à Nação o
perigo que se avizinhava. Nos estabelecimentos comerciais, logradouros públicos etc., ao ser identi
ficado, pessoas completamente desconhecidas dirigiam-se a mim para felicitar-me, afirmando pensar
da mesma maneira.
Os políticos também me procuraram, especialmente aqueles que foram denominados "frotistas".
Queriam conhecer meus pontos de vista sobre a situação, porém interessava-lhes bastante saber se eu
desejava que eles continuassem lutando pela minha candidatura à Presidência da República,
conquanto nunca lhes tivesse revelado esta pretensão, como podem atestar.
Ouvi-os, dispensando-lhes a usual consideração, sem manifestar nenhum interesse por posições
políticas. Praticamente, liberei-os de todo e qualquer compromisso que tivessem assumido,
voluntariamente, quer com amigos ou correligionários quer com a sua própria consciência. Rendo-
lhes, por isso, sincera homenagem, pelo procedimento correto que tiveram. Teriam que prosseguir
nas atividades profissionais que escolheram. Os políticos buscam os caminhos do poder para
concretização de seus propósitos e ideais, lamentável é que muitos penetrem por sendas enlameadas.