IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Um jovem e inteligente deputado nordestino, encontrando-se em minha residência, disse a um
major que também ali se achava ser o "frotismo" um movimento puro de restauração dos legítimos e
sadios postulados revolucionários, defendidos espontaneamente por mais de uma centena de
deputados. Jamais, realçou com ênfase, uma manobra política na cata de posições vantajosas.


Quando, num dos últimos dias de janeiro de 1978, recebi um telefonema de meu amigo Carlos
Alberto de Oliveira, deputado pelo estado de Pernambuco, participando a decisão do apoio do grupo
à candidatura oficial, vi apenas neste gesto mais uma prova de especial consideração que sempre me
dispensaram seus integrantes. Em face do que lhes dissera era dispensável essa participação que, no
entanto, foi um comportamento de elevado padrão moral.


Não me é justo esquecer o nome do senador Agenor Maria, do Rio Grande do Norte, ao tratar de
solidariedade entre amigos. Lá estava ele no meu embarque sereno e comovido. Visitou-me, no Rio,
algumas vezes, propiciando-me a satisfação de revê-lo.


Em dezembro de 1977, no Rio de janeiro, um grupo de generais, tendo à frente meus prezados
amigos generais João Bressane de Azevedo Netto e Renato Paquet Filho, resolveu prestar-me uma
homenagem à qual compareceram algumas centenas de corajosos amigos, civis e militares, muitos
destes ainda em serviço ativo. Soube, dias depois, mais tarde confirmado por pessoas ligadas aos
diretores do Clube Federal - local da reunião -, que os órgãos de informações obrigaram a gerência
do clube a infiltrar entre os garçons agentes seus, naturalmente com a incumbência de ouvir e anotar
conversas dos participantes do evento, bem como relacioná-los.


A repulsa à conduta dos generais do Alto Comando e à do Chefe da Casa Militar foi, posso
dizer, geral entre os oficiais de postos até major. Patenteava-se esta reação em todas as
oportunidades. Dois generais eram muitos visados pelas relações de amizade que tinham comigo:
Arnaldo José Luiz Calderari e Hugo de Andrade Abreu.


Os oficiais evitavam cumprimentá-los, por considerá-los abjetos traidores. Houve neste
particular uma atitude gravíssima de um major de Artilharia, que ficou sentado em sua mesa de
trabalho quando o general Calderari a ele se dirigiu. Não sei se o general percebeu o acinte, pois
desejo somente destacar o sentido de reação do comportamento do major que, alertado pelos
companheiros presentes respondeu:



  • Não me levanto para um traidor!


Não asseguro, também, que tivessem sido ouvidas estas palavras pelo general, mas que foram
pronunciadas não tenho dúvidas, porquanto alguns oficiais - que não terei a ingenuidade de citar -
afirmam-no.


É oportuno mencionar que o procedimento do general Calderari foi dos que mais causaram
indignação entre os oficiais do meu gabinete. Quando o general Bento trouxe-me a notícia da ida do
Calderari para o palácio do Planalto - fato que já citei - os oficiais ali presentes, em uma só voz,

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