IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

  • Continuou Barbieri a mencionar fatos que justificavam não gostar o general Frota do general
    Figueiredo, tais como preterições e transferência de oficias que serviram com ele - citou exemplos -,
    a extinção de sua segurança, censura e bloqueio de seu telefone, vigilância na sua porta e
    correspondência constantemente violada.

  • Aparentando surpresa, Figueiredo perguntou:

  • Você tem certeza que isto é verdade?

  • Como não tenho? Sou amigo dele e disto me orgulho! Tenho ido constantemente à sua casa e sei
    que é verdade! O senhor sabe que foi por ordem do presidente que toda a segurança do general Frota,
    inclusive motorista, foi retirada, com o propósito de deixá-lo sozinho e isolado? O general Frota
    tinha sido ministro e não se respeitou a dignidade e importância de seu cargo, entretanto, ele manteve
    as seguranças dos generais Médici e Orlando Geisel, que continuam até hoje. Entregaram-no à sanha
    dos comunistas que ele sempre combateu. Ele jamais reclamou, junto ao Exército, essa situação,
    portando-se com exemplar dignidade.

  • Ao ouvir essas palavras de Barbieri afirmou o general Figueiredo desconhecer esses fatos,
    considerando errado tal comportamento porquanto acirrava ódios. Perguntou, a seguir:

  • Barbieri, por que você é contra mim?

  • Não sou contra o senhor. Eu não sou a favor do senhor nem do general Euler. O general Euler é
    um homem de caráter, de vida particular inatacável. É um homem inteligente. Não é corrupto. O que
    há de grave com o general Euler é a ideologia a que ele se filiou e a circunstância de não ter sido
    revolucionário, em 1964. Já o seu caso é diferente, o senhor está cercado de corruptos e tem feito
    declarações que não deixam dúvidas sobre as suas intenções continuístas e de aberturas exageradas.

  • Quais são os corruptos que me cercam?, perguntou o general.

  • Fulano, beltrano e sicrano, entre outros, disse Barbieri.

  • Quero provas, se as tiver tomarei providências. Eu não posso afastar esses homens, porque
    ainda não sou presidente... Pretendo, também, afastar o Golbery...


-. Mas o senhor disse coisa semelhante ao presidente Médici. Declarou que o general Geisel não
estava mais ligado ao Golbery e isto não era verdade!



  • Bem! Há momentos em que temos de agir daquela maneira, retrucou, confirmando, Figueiredo.
    Estou tendo dificuldades, criadas no palácio do Planalto pelo próprio Golbery, que está montando
    um processo para destruir-me, prosseguiu o general. (Julgo que isto era mais uma artimanha de
    Figueiredo, visando a conquistar o grupo militar oponente, pois sabia que o general Golbery era
    odiado no Exército. Informaram-me, naquela ocasião, que o general Figueiredo dissera a alguns
    generais desejar afastar Golbery, quando assumisse a Presidência. Não posso assegurar verdadeira

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