O Congresso seria dissolvido e novas eleições marcadas com vistas a uma Constituinte. Obter-
se-ia desta maneira tempo para formar um partido revolucionário, o que, por sentimentos e
convicções, nunca existiu.
O poder judiciário, no mínimo, sofreria o expurgo dos elementos contrários à Revolução e
favoráveis, abertamente, à política marxista de João Goulart.
Não sentiram, os líderes revolucionários, que os membros desses poderes, ligados à política do
governo deposto, não poderiam de consciência decidir contra Jango e seus asseclas?
A atitude do Congresso negando-se a sancionar o Ato e, posteriormente, o habeas corpus
concedido pelo judiciário ao marxista Miguel Arraes são argumentos indestrutíveis em defesa
daquelas medidas.
Foi esse o nosso pecado original, para o qual não houve batismo.
Essas e muitas outras decisões e providências que seriam salutares aos destinos da Revolução,
não tendo sido tomadas naquela época, dificultaram-lhe a marcha, obrigando-a a comportamentos
incoerentes e atuações hoje ditas casuísticas, ocasionados da imprevisão inicial.
Emendas constitucionais, prorrogação do mandato presidencial, transferência de eleições, novos
Atos, numerosas cassações e "oportunas" medidas casuísticas foram os frutos ácidos daquela
imprevidência.
O Ato Institucional procurou dar à eleição presidencial um caráter democrático, atribuindo sua
realização a um Legislativo, de prestígio apenas aparente, porém travestiu o presidente em ditador,
ao investi-lo do poder revolucionário, cujo emprego ficou sujeitos aos seus critério e vontade.
Verdadeiro disparate este de o Comando Revolucionário permitir que o Congresso escolhesse
um presidente, ao tempo que armava o eleito de poderes excepcionais que, superpondo-se a
quaisquer outros, tinham força para dissolver o próprio órgão eleitor.
Então, para que realizar a eleição? Por que não se empossou diretamente o chefe revolucionário?
b) A inversão na seqüência dos primeiros chefes revolucionários
Dois ilustres chefes militares destacaram-se politicamente na fase inicial da Revolução. Foram eles
os generais Humberto de Alencar Castelo Branco e Arthur da Costa e Silva. Ambos - a par de suas
virtudes e de relevantes serviços prestados à Pátria - possuíam formação e temperamento diferentes,
o que naturalmente induzia-os, em muitos casos, a decisões dessemelhantes. Algumas considerações
mais extensas, sob este aspecto, permitir-nos-ão apreciar com aceitável segurança os fatos de seus
governos e as deliberações que tomaram.