IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

As reformas nada mais são do que revoluções pacíficas, são formas de evolução com os meios
de paz, todavia o presidente Castelo, no quadro da legalidade em que sempre desejou agir, não
dispunha desses meios, como provou o episódio da cassação de Juscelino Kubitschek quando o PSD
imediatamente se retirou do bloco parlamentar, recentemente formado para apoiar a Revolução.


A Revolução naquela época assemelhava-se a uma nave perdida em mar tempestuoso, sem uma
guarnição que possibilitasse ao comandante colocá-la no rumo certo.


A Emenda Constitucional n° 9, prorrogando o mandato presidencial, adotando a maioria absoluta
e transferindo as eleições presidenciais, foi a fórmula casuística para a angustiosa situação.


Todos esses transtornos e decepções iniciais poderiam ser evitados não fora a imperfeita feitura
do Ato n° 1.


E, a sabedoria popular, eternizada nos adágios, afirma: Árvore que nasce torta, nunca se
endireita!


Confirmando o provérbio, outras falhas vieram.

d) O abandono da juventude


A juventude foi abandonada, do ponto de vista da pregação dos objetivos e postulados
revolucionários. A Revolução procurou reprimi-la em suas naturais aspirações de participar da
evolução dos acontecimentos - conduta que a levou a desgarrar para o campo da contestação - em
vez de norteá-la política e ideologicamente no sentido de defender as teses revolucionárias,
mostrando-lhe que estas visavam ao bem-estar comum dos brasileiros, numa Pátria engrandecida
moral e economicamente.


No caminhar do tempo a fase de decisões é o presente, sendo o passado um celeiro de
experiências e o futuro a imensidade desconhecida, eriçado de incógnitas. Mas o presente define-se,
ainda, como o futuro do passado ao tempo em que é o passado do futuro.


É, portanto, sobre o presente que os homens de uma época, em plena maturidade, devem dissecar
os erros outrora cometidos para que possam orientar, conscientemente, a mocidade na obtenção de
vindouros êxitos.


Após a derrota alemã, em 1918, almirantes alemães eram vistos em praças públicas, nas manhãs
dos domingos e feriados, reunindo as crianças em torno de maquetes representando a batalha de
Jutlândia. Sobre elas, numa exposição plena de civismo, enalteciam a Alemanha vencida pelo mundo,
à qual nem o direito a uma vitória naval indiscutível, pois afundara mais navios ingleses do que
perdera, era reconhecido. Porém, o dia da desforra - diziam eles - chegaria, porque a raça germânica
não morrera e era imbatível.

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