esignado para o corpo permanente da Escola Superior de Guerra, retornei ao Rio de janeiro
no início de 1960. No ano seguinte, Jânio Quadros, eleito Presidente da República por esmagadora
maioria de votos, que traduzia verdadeira aclamação, toma posse do cargo. Iríamos percorrer uma
das mais tristes e angustiosas etapas de nossa História. O homem que se fizera intérprete do
soerguimento nacional, que prometera lutar pela ressurreição dos princípios morais sustentantes das
nações sadias, que por sua falácia demagógica engazopara milhões de brasileiros, nada mais era do
que um irresponsável, cujos atos revelavam iniludíveis estigmas de uma instabilidade emocional que,
vez por outra, roçava as fímbrias da alucinação.
Sete meses após ter assumido a presidência, renuncia, jogando o país numa crise perigosíssima,
porquanto o vice-presidente João Goulart, por suas tendências esquerdo-sindicalistas - as quais não
repudiara - estava praticamente incompatibilizado com as Forças Armadas.
A ascensão de João Goulart ao poder é considerada pelos militares uma ameaça aos destinos do
país. Os três ministros militares lançam um manifesto à Nação, opondo-se à sua posse. Dividem-se
as opiniões e as próprias Forças Armadas cindem-se. O Congresso nega-se a votar o impeachment de
Goulart.
A velhaca solução parlamentarista encontrada dá posse a Jango e um ardiloso plebiscito
restabelece o presidencialismo.
As reações à posse de João Goulart trouxeram à baila uma questão já ventilada em
oportunidades diversas - o conceito de legalidade.
Seria legal o ato de dar-lhe posse, em face das possibilidades de suas convicções
antidemocráticas adulterarem e, talvez, extinguirem o regime político através do qual se elegera?
Em beneficio da resposta algumas considerações são necessárias.
Os militares, por sua formação rigidamente institucional, vêem a legalidade com respeito quase
supersticioso; consideram-na intocável. Procuraram, portanto, uma solução legal para evitar a
investidura de Goulart no mais alto cargo, mostrando-o à Nação como um provável traidor da
Democracia e daqueles que nele votaram, vaticínio que o tempo confirmou.
Os políticos, todavia, na sua rota de acomodações, escondendo-se na legalidade para proteger