IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Das medidas iniciais de grande acerto tomadas pela Revolução, nenhuma superou em importância a
vigorosa afirmação de solidariedade ao mundo ocidental, obra primorosa de nosso primeiro
presidente, que ali apresenta uma exata relação de fatos da conjuntura internacional e expende
judiciosas ilações sobre a sua interdependência.


Esta política exterior do Brasil, fixada pelo presidente Castelo em julho de 1964, por ocasião da
formatura dos novos diplomatas do Instituto Rio Branco, pelo equilíbrio de conceitos, brilhantismo
de exposição, coragem com que, separando a realidade da fantasia, traçou ao Itamaraty os rumos a
seguir "numa fidelidade cultural e política ao sistema democrático ocidental'; marcou
indubitavelmente uma nova fase em nossas relações internacionais, coerente com as nossas tradições
e aspirações.


Herdáramos, nós os revolucionários, uma política de dubiedade em relação ao Ocidente - uma
política bifronte - que oscilava entre a ridícula arrogância e a subserviência das postulações.


Temendo interpretações incorretas que viessem a balburdiar seu pensamento, deixou bem claro
que a aplicação deste exigiria, preliminarmente, separar os interesses do Ocidente dos das grandes
potências, porquanto a solidariedade era dada àquele e não a estas. Acentuou, pois, ser preciso com
este objetivo "distinguir os interesses básicos da preservação do sistema ocidental dos interesses
específicos de uma grande potência".9


As nações do bloco ocidental seriam conseqüentemente respeitadas e tratadas como aliadas na
grande obra de defesa comum.


Esta diretriz magnífica, esquadrinhando todos os recantos da vasta área de nossas relações
internacionais, desde a cooperação econômica interamericana aos delicados problemas da
descolonização, sublimada pela sabedoria de sua idealização, recebeu irrestritos aplausos dos
brasileiros democratas e de bom senso.


Todavia, tal política foi apedrejada pelos fariseus do século por contraporse às idéias
alienígenas dos nacionalistas de Moscou e seus inocentes comparsas, embora tivesse sido a única
manifestação patriota e intimorata de um presidente revolucionário para desmascarar a farsa
da"política externa independente" de triste e ciosa divulgação, naqueles tempos, pelas correntes
esquerdistas.


Era essa a conjuntura em 1964. Dez anos depois, a política traçada pelo presidente Castelo para
regenerá-la começa a ser violentada pelos próprios homens que integraram seu gabinete, na
involução insensata para conceitos e comportamentos renegados dos interesses, tradições e
sentimentos de nosso povo.


i) O controle dos sindicatos

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