IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Uma providência positiva de cunho revolucionário foi, sem a menor sombra de dúvida, o controle
dos sindicatos, larga estrada por onde marchava a subversão, apresentando-se sempre sob modestas
vestes das reivindicações ditas justas e inadiáveis. Constituem esta medida e a próxima citada, no
item seguinte, decisões de grande relevância na segurança interna.


Os industriais e empresários - muitos dos quais ligados aos "pelegos" de João Goulart -, se
tiveram momentos de tranqüilidade e possibilidades de trabalhar e cooperar no progresso do país,
devem-no, quase exclusivamente, à corajosa e judiciosa aplicação dessas duas medidas.


Um debuxar rápido do panorama sindical na fase pré-revolucionária é imperativo para uma
melhor percepção dos problemas políticos e sociais que o sindicalismo brasileiro criou.


Os sindicatos, como associações de profissionais de idênticas atividades, visando à defesa de
seus interesses, são organizações de feitio liberal cujas existência e dinâmica encontram-se
estatuídas em lei.


Os homens, os trabalhadores em geral, valem-se deles para apresentar suas aspirações de
melhoria social e econômica encontrando apoio para obtê-las ou recursos para sanar as
controvérsias e divergências com os empregadores numa justiça própria - a justiça do Trabalho.


No entanto, essas associações de classes, rigorosamente dentro da legislação que lhes regula o
funcionamento, devem tratar das questões específicas ao seu tipo de atividade profissional, sendo-
lhes proibido interferir na de qualquer outro grupo ou manifestar opiniões de colorido político.
Nega-lhes a lei, também, interligaremse para formar organismos intersindicais. Estes dois
procedimentos são básicos para uma proveitosa vivência democrática, considerando-se o último de
essencial interesse para a segurança interna.


Em oportunidades diversas, especulando em palestras com autoridades sobre a questão sindical,
ouvi considerações ponderáveis sobre os sindicatos, suas organizações, estrutura e maneira de agir.


Refulgia dessas apreciações o pensamento - atribuído à orientação trabalhista do presidente
Vargas - de que os sindicatos deveriam existir, imunes da influência político-partidária, para
amparar o trabalhador, todavia organizados em profundidade, isto é, em sentido vertical, mas nunca
em amplitude, ou melhor, em largura. Em linguagem mais clara, esta tese admitia os sindicatos
isolados, falando cada um por si, porém jamais monoliticamente soldados entre si, num organismo de
cúpula que representasse todos.


Neste caso, aglutinados num único órgão, tornar-se-iam uma força poderosa que, em certas
circunstâncias, manipulada por agitadores, ameaçaria perigosamente a segurança nacional.


Foram exatamente essas duas prescrições fundamentais as mais desrespeitadas no governo João
Goulart, cujos assessores e correligionários trataram-nas, em muitos momentos, com indisfarçável
escárnio.

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