concordou e elogiou minha preocupação de conhecer, pessoalmente, as guarnições do Exército, por
mais longínquas que estivessem localizadas, levantando in loco suas necessidades prementes.
Manifestou, nesta ocasião, sua discordância com o procedimento de muitos chefes militares que se
encasulavam em seus gabinetes, divorciando-se da realidade e decidindo, apenas, à base de
informações. Aprovou a idéia de uma revisão na organização do Exército de modo a aumentar-lhe a
operacionalidade.
Mostrei-lhe os difíceis problemas surgidos, nos quartéis, com a diluição de efetivos pelos
corpos de tropa, fruto pernicioso da criação de organizações militares, talvez à revelia da lei, sem os
correspondentes efetivos. Citei-lhe exemplos concretos, colhidos em minha recente passagem pelo
Comando do 1 Exército. Era imprescindível, por conseguinte, se fizesse um reajustamento de
efetivos, que traria, além da vantagem do recompletamento das unidades, um acréscimo de vagas que
permitisse facilitar o acesso dos oficiais e sargentos, resolvendo - apesar de provisoriamente - o
problema das promoções. Propus fosse chamada esta reestruturação de Legalização dos Efetivos.
Sensibilizou-se, o presidente, com a argumentação, e prometeu examinar o assunto, quando lhe
chegasse às mãos a minha proposta. Divergiu, porém, do título por admitir que insinuava a existência
de anterior ilegalidade.
Após alguns meses de exaustivos trabalhos, o Estado-Maior do Exército, sob orientação do seu
inteligente e devotado chefe, general-de-exército Fritz de Azevedo Manso, chegou à ilação, aliás
muito judiciosa, de que, em face da falta de recursos e da insuficiência de estrutura, a reorganização
das unidades do Exército deveria ocorrer em três fases, consistindo a primeira no encargo de prover
as existentes, dentro de um planejamento específico, do pessoal e material indispensáveis ao integral
cumprimento de qualquer missão de guerra. No decorrer deste trabalho surgiu como evidente - pela
discordância dos elementos colhidos em vários setores - a necessidade de ser implantado um sistema
de computação para o Exército, visando à simplicidade, rapidez e credibilidade das coletas de
dados, realizadas até aquela época por anacrônicos processos.
O reajustamento de efetivos, submetido ao exame da Secretaria de Planejamento com o objetivo
de compatibilizar as novas despesas com os gastos do orçamento, foi, finalmente, aprovado pelo
Congresso, legalizando a situação esdrúxula em que vivíamos, com numerosos agregados no Exército
e muitos claros em quase todas as organizações militares, forçando oficiais e sargentos ao
desempenho de até três funções simultaneamente, com sérios prejuízos, em particular, para a
instrução e o adestramento da tropa e dos quadros. A sanção da lei trouxe, também, um relativo
desafogo nas promoções.
Todavia, os postos de capitães e subalternos ressentiam-se da falta de oficiais, o que tornava
obrigatória a convocação de oficiais da reserva. Este problema e o do estrangulamento do fluxo de
carreira, que não podia estar sujeito a impulsos dados por eventuais promoções, exigiam uma
solução definitiva calcada em racional planejamento, adequado às condições da Força Terrestre.
Pensou-se na criação de um Quadro Complementar de Oficiais, providência já adotada, com