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O barro é seguramente um material comum,
utilizado por diversas espécies para outras finali-
dades, como selar as portas dos refúgios ou para
reduzir o tamanho de um buraco de árvore apro-
veitado, evitando assim a entrada de predadores
e concorrentes, como faz outra ave que partilha o
nosso território: a trepadeira-azul (Sitta europea).
Um caso curioso é o do espectacular e enorme
calau-bicorne (Buceros bicornis), oriundo das
selvas asiáticas. “Quando a fêmea se encontra
com os pintos dentro do buraco da árvore esco-
lhida, o macho deixa-a praticamente empare-
dada no interior, tapando quase toda a entrada
com barro e ficando apenas um pequeno orifício
através do qual ela, se intuir a existência de peri-
go, pode enfiar o seu grande bico, selando-o por
completo”, relata Jordi Sargatal.
No entanto, nem todos estes esforços de cons-
trução se destinam ao ninho. Algumas espécies,
como o pássaro-cetim-australiano, concentram
os seus cuidados arquitectónicos na construção
de uma espécie de arena, destinada unicamente
à corte: um túnel de amor fabricado pelo macho
em redor de um ramo central com uma infinitu-
de de raminhos que demoram horas a recolher.
O macho decora a entrada com objectos visto-
sos: fruta, flores, fungos e folhas, ordenados por
cores. Quando as fêmeas passam diante do palco
nupcial, ele mostra-lhes todos os seus tesouros,
desesperado por agradar. E se uma delas ficar su-