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O VOO
COM O AHRS
A evolução dos instrumentos, do horizonte artificial
mecânico à chegada de equipamentos digitais
POR | NVTEC TREINAMENTOS, ESPECIAL PARA AERO MAGAZINE
AEROAUL A
U
ma das primeiras tec-
nologias a revolucionar
a pilotagem de aviões
foi um pequeno apa-
relho usualmente co-
nhecido como “horizonte artificial”.
Ao apresentar para os pilotos uma
referência confiável da posição espa-
cial da sua aeronave, abriu as portas
para a possibilidade do chamado
“voo cego”, aquele no qual a obtenção
de referências visuais externas fica
comprometida pela escuridão ou por
condições meteorológicas adversas.
Tais aparelhos se baseavam no
uso de um efeito físico ligado ao
princípio da inércia, conhecido
como “rigidez giroscópica” (discos
ou esferas que giram rapidamente
em torno de um eixo tendem a
manter inalterados os seus planos
de rotação).
A gravura abaixo mostra o
funcionamento de um horizonte
artificial mecânico. Note que um
disco giratório é montado em
balancins, de forma que seu eixo
fique livre para se orientar para
qualquer lado. Quando o instru-
mento sofre alguma rotação no
eixo longitudinal ou lateral, há
uma mudança na posição relativa
do disco giratório em relação ao
aparelho. Um sistema mecânico
leva esses movimentos a um pai-
nel pintado de azul (representan-
do o céu) e marrom (solo), com
escalas de arfagem e de rolagem.
O sistema giroscópico mecânico
foi superimportante por décadas,
mas, devido às suas limitações, a
partir da era do Boeing 767, co-
meça a perder terreno para outra
tecnologia, agora eletrônica.
DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS
Os sistemas de referência eletrô-
nicos se compõem basicamente
de três bobinas de fibras ópticas,
enroladas dentro de três contai-
ners fechados. São quilômetros
de fios translúcidos, que viajam
em muitas voltas, deixando duas
pontas abertas nas extremidades.
Na primeira há um emissor de
luz na frequência já conhecida
do raio do laser. Na outra ponta,
há um leitor que analisa o quanto
essa frequência se elevou ou se re-
duziu. A variação de frequência,
como consequência de movimen-
tos mecânicos das bobinas define
quanto cada bobina girou no
plano em que foi instalada.
Esses movimentos são captados
por dispositivos eletrônicos que
utilizam programações de software
para “entender” o que está aconte-
cendo. A inclusão de sensores de
aceleração (acelerômetros) permite
ainda detectar derrapagens laterais
e mudanças na velocidade real da
aeronave. Depois de processadas,
todas essas informações seguem
para serem apresentadas de forma
organizada e intuitiva em um ins-
trumento digital, em uma tela LCD
multifunção ou até em um HUD
(Head Up Display).
A sigla AHRS (Attitude and
Heading Reference System) indica
que, além da atitude do aparelho,
o sistema monitora também as
variações na proa (“heading”) do
voo. Mas a grande superioridade
desses equipamentos digitais se
HORIZONTE ARTIFICIAL MECÂNICO
Traduzido e adaptado do manual da FAA/ Wikimedia