Aero Magazine - Edição 308 (2020-01)

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À PRIMEIRA VISTA, PARECE
um avião acidentado na selva cos-
tarriquenha. E esta foi justamente
a ideia dos proprietários do Hotel
Costa Verde quando adquiriram
um Boeing 727, fabricado em
1965: criar a suíte de hotel mais
exclusiva da Costa Rica no meio
da mata. A aeronave havia servido
à South Africa Air e à empresa
colombiana de aviação Avian-
ca antes de ser abandonada no
aeroporto de San Jose. De lá, o 727
foi cuidadosamente transportado,
desmontado e levado em cinco
caminhões de grande porte para
as selvas de Manuel Antonio, onde
foi remontado na configuração
aerosuíte exclusiva de hotel.
Tal qual uma imensa maquete,
o clássico avião está sustentado
por um pedestal de 15 metros e
a altura favorece a contemplação
da linda vista do Parque Nacional
Manuel Antonio e do oceano Pací-
fico. O interior do avião é todo
revestido em madeira e os móveis
foram esculpidos à mão, vindos
diretamente da Indonésia. O 727
possui dois quartos climatizados,
completamente equipados com
tudo o que uma hospedagem
padrão cinco estrelas deve possuir,
cada um com seu banheiro priva-
tivo. Um terraço com vista para o
mar dá a ideia ao hóspede de que
ele está voando.
O Boeing 727 começou a surgir
quando, em junho de 1956, o
fabricante norte-americano iniciou
os estudos para uma aeronave
destinada a operar rotas de curta
e média distâncias, em aeroportos
de pistas reduzidas (mínimo de
1.500 metros), com custo opera-
cional competitivo por assento.
Ao consultar o mercado – que
ainda via nos quadrirreatores uma

opção mais segura –, a Eastern
Airlines, que operava diversas rotas
para América Central e Caribe,
propôs um modelo intermediá-
rio, com três motores, que daria
confiabilidade elevada à aeronave,
permitindo voos sem as restrições
ETOPS (Extended Twin Engine
Operations), limitando o voo a uma
distância máxima em tempo de um
aeroporto alternativo, que naquela
época era de 60 minutos. Também
o posicionamento dos motores na
cauda permitiu ao fabricante explo-
rar o máximo das asas do Boeing
727, com slats e flaps configuráveis
em um grande número de posições
e deflexão, garantindo à aeronave
uma boa manobrabilidade em
baixa velocidade.
Sucesso de vendas durante os
23 anos durante os quais perma-
neceu em linha de montagem (de
1962 a 1984), o modelo teve mais
de 1.800 unidades cruzando os
céus do mundo inteiro. Em janeiro

COSTA RICA
BOEING 727 – SUITE FUSELAGE, QUEPOS

BOEING 727
Motores 3 Pratt & Whitney
JT8D-17R
Comprimento 46,69 m
Envergadura 32,92 m
Altura 10,36 m
Peso vazio 44.330 kg (97.700 lb)
Peso máximo de decolagem 78.100 kg (172.000 lb)
Velocidade 952 km/h a 42.000 ft
Autonomia 4.509 km

de 2019, o Boeing 727 realizou o
seu último voo comercial de pas-
sageiros. Operado pela Iran Ase-
man Airlines, o voo EP851 partiu
de Zahedan, no Irã, com destino
a Teerã, capital daquele país,
encerrando a trajetória de um dos
representantes mais importantes
da aviação comercial em todos
os tempos. Porém, ainda hoje, o
727 é muito utilizado na versão
cargueira, já que pode transportar
até 25 toneladas e operar em pistas
curtas, sendo homologado até
para terrenos não pavimentados.
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